“45 do Segundo Tempo” traz um mergulho sensível pela nostalgia e sobre viver o momento
O que aparentemente parecia ser mais um filme clichê de comédia nacional, “45 do Segundo Tempo” se mostra uma grata surpresa ao saber trabalhar aquele sentimento complicado de que a vida passa, os velhos tempos não voltam e as vezes a gente nem percebe. Um roteiro despretensioso, leve e bem construído, não se prende a amarras tradicionais. Enquanto trabalha suas metáforas, que estão até no título, o longa emociona e diverte. Afinal, 45 do segundo tempo é muito tarde, ou é o melhor momento pra dá o melhor no jogo e fazer o gol da vitória?
Com direção de Luiz Villaça, o longa acompanha a trama de três amigos, Pedro (Tony Ramos), Ivan (Cássio Gabus Mendes) e Mariano (Ary França) que há 40 anos não se viam. O reencontro traz a notícia de que um quarto amigo do passado faleceu. A partir daí, cada qual com suas incertezas de uma vida inteira já passada e questões pessoais não resolvidas, entram em um percurso de resgate a tudo que já viveram, quando Pedro decide que vai se matar após o fim do Campeonato Brasileiro.
Desmistificando a melhor fase da vida
Para começar a responder a pergunta anteriormente feita, o roteiro entrega para o espectador as nuances da vida de cada personagem. Desse modo as desventuras do cotidiano e dos problemas de cada um ficam claras. E com o encontro dos amigos deixa implicito que a vida caminhou em rumos diferentes do que no passado eles imaginavam. E, quando Pedro, em meio a tudo que vem passando resolve que não há escapatória e que vai se matar, ele conta com os amigos para atender seus últimos pedidos. Nesse momento, constrói-se o terreno fértil para desenvolver as relações.
Leia mais: Crítica: O Predador – A Caçada
Assim, Pedro está aos 45 do segundo tempo de sua própria vida, com seus últimos momentos para ser feliz. O mesmo acredita que já fez tudo que sua vida não faz mais diferença para miguem. Ao mesmo tempo, isso aflora as incertezas dos seus amigos que também são felizes em suas escolhas de vida e agora precisam acolhe-lo. De maneira assertiva o roteiro constrói a história a partir daí retornando ao passado de forma a desmistificar o que eles viam como a melhor época de suas vidas e trazendo aos próprios um encontro aos seus eus e escolhas atuais.
Enquanto o roteiro traz ainda diálogos tanto para o drama, quanto para a comédia bem escritos. A direção consegue naturalizar e tirar o melhor de seus protagonistas. No entanto nada é tão direto, há muitas metáforas nas falas que trazem nuances de sentimentos e vivências.
Quase todo jogo tem acréscimo, 45 não é o fim
E, diante de tantos problemas que eles já possuem, só percebem que nem tudo está tão ruim quando se deparam de alguém que passou por coisas piores. Assim, o filme traz com simplicidade a ideia de que talvez 45 do segundo tempo não seja tarde, dá tempo de virar o jogo e ser melhor. Ainda assim, fica a sensação de que faltou algum aprofundamento no momento de virada.
Finalmente, o que deixa essa trama mais inteira são seus as atuações. Em sintonia e bastante expressivos, Tony Ramos, Cássio e Ary deixam o melhor em tela. É divertido assisti-los juntos. Em especial está a cena final, onde a ficha cai e um diálogo sensível e traz a tona a importância de estar vivo e do agora.
Por fim, com toda sua simplicidade, “45 do Segundo Tempo” é um filme recheado de boas intenções e com uma bela mensagem. E, trazendo de fundo algo popular como o futebol, o longa se torna acessível para conversar com todos os públicos possíveis. Uma diversão certa com um pouco de emoção.
Quer estar por dentro do que acontece no mundo do entretenimento? Então, faça parte do nosso CANAL OFICIAL DO WHATSAPP e receba novidades todos os dias.