A volta para Westeros é de política familiar tensa, criando a base para a Dança dos Dragões
A promessa de uma série prequel de Game of Thrones gerou uma desconfiança cabível, visto o fim decepcionante da série principal. Mas, sem prender-se a medos dos males passados e adentrando mais no universo de George R. R. Martin, “A Casa de Dragão” mostra que há muitos acontecimentos relevantes para serem abordados.
Assim, podemos tratar as histórias de Westeros e suas casas como conteúdos muito vastos onde existem várias frentes.
Cada casa possui a sua peculiaridade e tudo girando em torno de um aspecto central, o Trono de Ferro.
Porém, diferentemente de GOT, onde a política gira em torno de todas as casas de modo menos centralizado, o que dá nome a está série é realmente o foco da história, a casa Targaryen.
O Drama familiar e a trama política antecedem a Guerra
Então, 170 anos antes do nascimento de Daenerys Targaryen, o reino vive um período de paz com o Rei Viserys Targaryen (Paddy Considine).
O problema está na sua sucessão. Após sua primeira esposa não dar-lhe o filho homem, ele nomeia Rhaenyra (vivida por Milly Alcock e Emma D’Arcy), sua filha primogênita, como sucessora. No entanto, antes sua amiga e sentindo-se traída, Alicent (vivida por Olivia Cooke e Emily Carey), a segunda esposa do rei, o dá filhos homens.
Desse ponto começa a desenrolar-se a tensão e, episódio após episódio, os acontecimentos apontam para um embate entre a filha primogênita do rei e os filhos do segundo casamento. Enquanto isso, Viserys definha com uma doença que logo o levará á morte.
Nesse percurso, Daemon Targeryen (Matt Smith), irmão do rei, tem na sua impulsividade e falta de tato com falsas conveniências reais o ímpeto que dá a força que mais tarde Rhaenyra precisará. Seu personagem rouba o protagonismo sem fazer esforço e cresce episódio pós episódio. Nele está a força para a guerra dos mantos negros, que na próxima temporada devem entrar em combate com os verdes, que usurparam o trono.
Já as esperteza e manipulação política fica por parte da mão do rei, Otto Hightower (Rhys Ifans) e Larys Strong (Matthew Needham). Enquanto um manipula os que estão ao seu redor em benefício próprio, o outro usa da inteligência não apenas para manipular, mas também para escolher o lado que lhe convém sem necessariamente com menos fidelidade aos que o cerca.
Os aspectos relevantes em meio aos saltos temporais
Uma da vantagens desta série é não precisa apresentar o universo na qual ela se estabelece. Desse modo, o roteiro um tempo maior para estabelecer os personagens e a situação de Westeros à época em que a série se passa.
Todavia, mesmo nesse espaço para desenvolver seus personagens, há algo nítido aqui que complica o aprofundamento em situações terceiras. Você vai ouvir muito falar na triarquia, na guerra no mar e em outras questões mais pouco vai ver. O problema é que a série tem muitos fatos relevantes em sua trama central, mas que passam em momentos espaçados de tempo.
Desse forma, ainda que fazendo bem o trabalho de desenvolver seus personagens e toda questão política, os saltos temporais ainda deixam coisas de lado ou resoluções aparentemente mais simplistas do que seriam. Algumas mortes parecem não ter peso justamente porque, se a série quisesse trazer a relevância real daquilo, perderia tempo de tela para outros fatos realmente importantes.
Um elenco dividido em duas fases
Em razão dos saltos temporais, parte do elenco precisou ser trocada nas diferente fases em que se passa a série. Algo relevante nessa questão é que os atores conseguem manter a essência de seus personagens.
Na atuação, destacam-se principalmente o quarteto principal, com Paddy Considine fazendo de Viserys um daqueles amáveis personagens inesquecíveis, o que constrata muito com Matt Smith, que não entrega um personagem amável, mas sim um personagem odiável em determinados pontos, mas que, pelo seu ímpeto, amamos odiar e até torcemos por ele.
Outra força que a série tem está nas duas versões de Rhaenyra e Alicent. Enquanto as atrizes da primeira versão entregam uma fase crua e de desenvolvimento das personagens, quando estão em sua fase adulta notamos, principalmente em Rhaenyra, a evolução por responsabilidade e questões nas quais sua personagem está envolvida.
CGI de cinema e fotografia de Game of Thrones
Com muitos dragões em tela, “A Casa do Dragão” tem uma produção ainda mais difícil do que foi a de Game of Thrones. Mesmo assim, parece que a HBO foi eficaz no que diz respeito ao CGI da série. Os dragões estão palpáveis e em diferentes versões.
Ainda, a série foi muito respeitosa com os cenários que trazem uma Westeros mais preservada. A gente reconhece os lugares antes vistos em Game of Thrones, mas aqui com toques de imponência de uma era onde os dragões ainda reinam.
No entanto, um problema recorrente, mas que aparentemente é um recurso estético e também que reduz custos, foi a fotografia escura. Vale ressaltar que é mais fácil colocar efeitos especiais em cenas noturnas ou escuras, onde detalhes são menos visíveis.
“A Casa do Dragão” criou expectativa para um grande guerra
Por fim, os tensos episódios finais preparam terreno para uma guerra eminente. As cartas ficam bem distribuídas na mesa para que a Dança dos Dragões se inicie. É certo que durante os episódios a gente não conseguiu acesso às casas que estarão envolvidas nessa guerra como apoio a cada lado de forma mais nítida, nos contentamos com citações enquanto a trama principal se desenrolava. Mas podemos esperar uma caminhada mais profunda por Westeros nas próximas temporadas.
Assim, a primeira temporada de “A Casa do Dragão” cumpriu muito bem o papel a que propôs. Temos uma base forte que guia as motivações dos personagens durante a guerra, lados bem definidos. Personagens ambíguos como os de GOT ainda não deram as caras de forma mais clara nessa temporada, mas é certo que aparecerão nas próximas. E podemos esperar muito do futuro dessa e de outras futuras séries derivadas de “Game Of Thrones”.
Você pode acompanhar todos os episódios no HBO Max.
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