Em “Adão Negro” a DC/Warner Bros. dá mais uma cartada decisiva para que seu universo cinematográfico finalmente conquiste o público no geral e não apenas os seus fãs habituais, para que assim se iguale a sua concorrente Marvel, que vem colhendo bons frutos de popularidade há um bom tempo. Para tal feito, escolheram um dos maiores astros hollywoodianos da atualidade como protagonista: Dwayne Johnson. É nas costas dele que cai toda a responsabilidade de fazer com que o filme seja um sucesso. O roteiro e a direção aqui ficam um pouco de lado para que Johnson atraia todos os holofotes para si, o que convenhamos não é uma tarefa difícil para ele. Não que o texto de Adam Sztykiel, Rory Haines e Sohrab Noshirvani seja ruim, ele apenas se adapta excessivamente ao seu protagonista e deixa o resto um pouco negligenciado, assim como Jaume Collet-Serra faz com sua direção.
Os principais problemas do roteiro é que ele traz um vilão patético e alguns personagens que não possuem o tempo devido de tela, como a Cyclone (Quintessa Swindell), que poderia ter a força de uma Tempestade dos X-Men, contudo, só serve para participar de algumas piadinhas com seu companheiro Esmaga Átomo (Noah Centineo) e para completar o time da Sociedade da Justiça para que ele tenha uma representante feminina. Voltando ao vilão, basta dizer que ele é tão genérico que acaba com qualquer percepção de perigo que o espectador poderia ter. Adão Negro é deveras over power, e há a certeza de que ele vencerá todos os adversários com facilidade. Veja, nem mesmo um metal que aparentemente é o seu ponto fraco é bem utilizado, e acaba passando despercebido. O herói não chega sequer perto de perder uma batalha, então um vilão melhor trabalhado seria importante, e ele nem precisaria ser superpoderoso, bastava ser uma espécie de Lex Luthor, que com sua inteligência fora do comum consegue complicar muito a vida do Superman.
Já a condução de Collet-Serra é até competente em algumas sequências de batalhas, no entanto, não consegue criar conexão entre os personagens em momentos de diálogos. Os atores que compõem os personagens da Sociedade da Justiça, mesmo em bons desempenhos, não convencem como uma equipe de super heróis preocupados em salvar o mundo. Gavião-Negro (Aldis Hodge) é, talvez, o que melhor se apresenta, principalmente por ser o líder do grupo, mas nada que seja acima da média. O núcleo dos “civis” composto por Adrianna (Sarah Shahi) e seu filho, interpretado por Bodhi Sabongui, é apenas correto em meio a clichês e idas e vindas da trama. Dwayne Johnson, por fim, faz o que lhe é esperado no quesito atuação: levantar as sobrancelhas e gritar Shazam. É verdade, contudo, que não precisava mais do que isso para fazer um personagem de história em quadrinhos que nem tem tanta complexidade dramática assim.
Com tudo isso, “Adão Negro” acaba por ser tornar uma experiencia razoável se os aspectos apontados acima forem observados ou pode até ser bem apreciado se o expectador desconsiderar seus defeitos e se atentar às suas qualidades, como a decente reviravolta que acontece no inicio do terceiro ato ou mesmo com as participações especiais que alegram aqueles que gostam da DC. Evidentemente, pode não ser suficiente para dar um respiro ao universo de filmes do estúdio, mas pelo menos trata-se de uma aceitável tentativa.
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