Provavelmente, uma das maiores obsessões do ser humano é saber se há vida após a morte. Será que existe céu, inferno e purgatório? Uma busca rápida pela internet mostrará que há inúmeras respostas metafísicas, principalmente por parte das religiões, para essa pergunta. Também há toda uma gama de charlatões que dizem transcrever o que lhe dizem os espíritos ou aqueles que prometem falar com um ente querido diretamente do além. Mas, a ciência acaba com as ilusões e diz não haver provas sobre a existência de alma ou de pós morte, muito menos sobre reencarnação e espíritos.
Isso não impede que o cinema faça filmes que se propõem a dar respostas mais românticas ao assunto, como no sucesso “Ghost: Do Outro Lado da Vida” de Jerry Zucker, ou mais filosóficas, como na obra prima “Depois da Vida” de Hirokazu Koreeda. O que há em comum entre esses dois é que, em suas tramas, não há como reverter a situação após a morte, o que já possível no longa holandês “Afterlife” de Willem Bosch.
No roteiro escrito pelo próprio Bosch, após morrer a pessoa vai para um local que pode ser o céu, o inferno, ou mesmo o purgatório, que é organizado por anjos (não é dito claramente o que é aquela realidade). Após um breve briefing, é possível escolher ficar ou voltar a viver, mas reencarnando em uma pessoa diferente. Depois de ser vítima de um acidente, uma jovem garota escolhe ficar para poder reencontrar a mãe, falecida um ano antes. No entanto, ela descobre que há uma forma de voltar para o momento de nascimento e tentar salvar a mãe, que morreu ao cair de uma escada. Para isso, ela precisa da ajuda de um atrapalhado anjo.
Com essa história, dá para dizer que “Afterlife” é aquela dramédia com boas intenções, mas que não extrapola o horizonte do que já foi feito neste tipo de produção. Conta com boa direção, com uma sutil e sempre presente trilha sonora, com planos descritivos, e a predileção pelo movimento de câmera ao invés do excesso de cortes. Os personagens carismáticos (não há um vilão no sentido clássico do termo), a fotografia colorida e as boas atuações completam o pacote. Em síntese, há uma “moral da história” bonitinha – mesmo que trate de temas lúgubres em seu miolo – de que vida é algo único e é preciso vive-la como um sonho agradável e esquecer da morte, até que ela chegue de fato.
* Este filme foi visto durante a 43ª Mostra de Cinema de São Paulo
Imagem e Vídeo: Divulgação/JEF
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