Os perigos por trás da beleza
Depois de seis temporadas de sucesso vivendo a protagonista do seriado americano Gossip Girl, a atriz Blake Lively passou por um longo período sem trabalhar uma personagem de destaque em um grande projeto. Mesmo atuando no falado “Café Society” de Woody Allen e protagonizando o drama “A incrível história de Adeline”, talvez seja em “Águas Rasas” a grande chance da atriz, desde 2012, de provar sua competência e figurar de vez no mercado cinematográfico.
Com data de estreia agendada para dia 11 de agosto nos cinemas brasileiros, o filme é o mais novo trabalho do diretor Jaume Colet-Serra (responsável pelo ótimo “A Órfã” e o interessante “Sem Escalas”), que brinca com sensatez com um tema transformado por muitos em clichê depois da obra prima “Tubarão”, dirigida por Steven Spielberg.
No Thriller, Nancy é uma estudante de medicina que após a morte de sua mãe decide mudar completamente o rumo que sua vida estava tomando. Empenhada em aproveitar mais a vida, viaja para o méxico em busca de uma praia secreta, um local paradisíaco que figurava nas histórias que a mãe contava. Apaixonada pelo surf, Nancy encontra o lugar e decide surfar sozinha quando é surpreendida por um tubarão branco e encurralada a poucos metros de distância da praia.
Mesmo filmado na Austrália, a belíssima produção consegue captar com perfeição a essência de alguns cenários existentes no México. Sem exageros nos efeitos especiais e/ou visuais, o filme mantém uma qualidade extrema através de cenas que causam inquietação e angustia.
Embora não seja a grande estrela do filme, o roteiro de Anthony Jaswinski acaba por ser bastante interessante. Jaswinski parece que cria uma espécie de colagem, usando obras que fizeram sucesso com grandes momentos envolvendo uma única personagem, como por exemplo: “Naufrago”, “127 horas” e o recente “Até o fim”. Entretanto, através dos poucos diálogos trabalhados em cima de “tiradas” rápidas, o roteirista demonstra que o filme é muito mais que uma produção sobre tubarão assassino.
A direção confiante de Jaume faz diferença ao abusar do contraponto entre cenas rápidas e outras trabalhadas em câmera lenta, ou até mesmo realizadas a partir de uma simples Go Pro. Existe um casamento na linguagem criada pelo diretor ao adotar diferentes estilos de captação de imagem. Isso sem falar do ótimo trabalho que fez revelando o poder da tecnologia. Sem parecer piegas, divertiu-se com possibilidades transformando um filme simples em um produto moderno e cheio de tensão.
A fotografia impecável de Flavio Martínez Labiano dá o tom certo a produção, ao trabalhar a luz de forma correta com belíssimas, e funcionais, invasões de “Lens Flare” que deixam ainda mais coloridas e quentes as imagens captadas, tornando a paisagem um dos grandes atrativos da produção.
Ancorada por um bom elenco de apoio que passa rapidamente pelo filme e a presença de uma gaivota machucada que a faz companhia, Blake Lively desempenha um ótimo trabalho, tirando de vez o estigma da “It Girl” Serena, personagem que fez na série citada acima. Sua entrega é tão sincera que sentimos sua dor e nos identificamos com seus medos e lembranças durante toda projeção. Ao mesmo tempo que enxergamos em seu olhar quem é o verdadeiro tubarão na trama.
Embora “Aguas Rasas” não alcance o patamar de “Tubarão”, o filme se destaca na frente de muitas outras obras do gênero, surpreendendo do inicio ao fim, até mesmo em momentos que poderíamos chamar de inverossímeis. Vale a pena conferir a aventura logo na estreia e apreciar o belo trabalho do diretor e a entrega de Blake, fazendo uma personagem intrigante, que mesmo passando grande parte do tempo sozinha não deixa o filme perder o ritmo.
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