Por quê?
O terror é um dos gêneros que mais produz franquias ruins. Poderíamos passar horas falando sobre várias delas, porém Amityville consegue superar todas. O primeiro filme, “Horror em Amityville“, lançado em 79, é o melhor se comparado as outras obras e ainda ganhou uma ar de clássico. Mas não suficiente, Hollywood ignorou a conceito de limites e lançou mais sete filmes entre os anos 80 e 90. São eles: “Amityville – A Possessão” (1982) , “Amityville – O Demônio” (1983), “Amityville – A Fuga do Mal” (1989), “Amityville – A Maldição” (1990), “Amityville – Uma Questão de Hora” (1992), “Amityville – Uma Nova Geração” (1993) e “Amityville – A Casa Maldita” (1996).
Com a benção do Senhor ou de outro ser, a franquia ficou sossegada por quase 10 anos – até a ressuscitarem em 2006 com o remake de “Horror em Amityville“, que foi até agradável. E por aí ficou até 2011, quando algum bendito produtor executivo resolveu rir na cara do perigo, e na nossa também, e lançar um filme atrás do outro. Tivemos “The Amityville Haunting” (2011), “The Amityville Asylum” ou “Theatre Of Fear” (2014), “Amityville Death House” (2015), “The Amityville Playhouse” (2015), “Amityville: No Escape” (2016) e “Amityville Exorcism” (2017). E todas as produções dos últimos 7 anos são, literalmente, desnecessárias.
Todavia, os americanos (com alma de brasileiro) resolveram não desistir e repaginar a franquia, mas o resultado é tão ruim quanto seus antecessores. Nessa velha/nova história, “Amityville – O Despertar” (Amityville – The Awakening), Belle (Bella Thorne) muda-se com a sua família para a infame casa de Ronald DeFeo Jr. sem saber de seu passado sombrio. A fim de economizar dinheiro para o tratamento médico de seu irmão James (Cameron Monaghan), em estado de coma, sua mãe Joan (Jennifer Jason Leigh) compra a casa com a ajuda de sua tia Candice (Jennifer Morrison). Porém, quando fenômenos estranhos começam a ocorrer na mesma, incluindo a recuperação milagrosa de seu irmão, as estranhas conversas com sua irmã mais nova Juliet (Mckenna Grace), e os seus pesadelos cada vez mais terríveis, Belle começa a suspeitar da escolha de sua mãe pela casa.
Roteirizado e dirigido por Franck Khalfoun, a produção começa errada lá atras – antes mesmo do próprio Khalfoun assumir o controle. O título era “Amityville – The Lost Tapes“, sendo co-escrito por Casey La Scala e Daniel Farrands e produzido pela Dimension Films e pela Miramax, com uma história completamente diferente. Mas uma série de atrasos, de “desculpas esfarrapas”, troca de elenco, fez com que o resultado fosse tão bagunçado quanto a pré-produção do longa. Começando que a base espiritual/demoníaca é igual uma boneca russa. Você vai abrindo uma por uma, e vai aparecendo outra e outra, mas tudo se resume à uma boneca russa. Ou seja, ele usou o mínimo de uma narrativa super gasta pra criar uma história corrida e sem novidades, nem contexto decente, que não chega a lugar algum e não gera surpresa.
Não podemos negar que o filme te faz ter um ou dois pulinhos de susto, afinal não tinham o que apostar e foram nessa formula para mascarar a falta de produtividade. Sabe aqueles momentos que você pensa “vou levar um susto” e acontece – quem está habituado a ver muitos filmes do gênero sabem do que estamos falando – então, é só isso que nos é apresentado. A trilha sonora de Robin Coudert não cria clima algum. A direção de fotografia de Stenven Poster é pasteurizada e sem contraste. A montagem de Patrick McMahon é extremamente lenta e cansativa. E o figurino dark/gótica suave, de Belle, montado pela Mairi Chisholm, é, no mínimo, vergonhoso. Sobre a maquiagem, bom, vamos deixar pra lá.
Já a respeito do elenco, só podemos dizer: demitam seus agentes. Não sabemos afirmar o que o elenco pensou em aceitar tão indecorosa proposta e talvez pudessem estar em um momento de crise, sem saber o que fazer da carreira. Mas vamos manter a calma, pois o que está ruim ainda pode piorar. O filme foi exibido para a crítica dublado. Sim, a dublagem brasileira é a melhor do mundo, mas quando trata-se de julgar/criticar o trabalho de atuação de um profissional, em qualquer obra independente do gênero, o tom, a entonação dentro dos diálogos, é extremamente relevante. Portanto, o áudio original faz-se necessário em obras que não são animações.
De tanto repetirmos o nome “Amityville” presente nas 18 produções sobre a mesma casa, a crítica se tornou tão cansativa quanto a própria obra. Tem até uma piada sobre os remakes da história, mas não deu muito certo ironizar a própria produção, uma vez que é tão ruim quanto seus antecessores. Para o bem ou para o mal, o final corrido de uma explicação mequetrefe deu fim a esse infortúnio de quase 1h30. Resumindo, a menos que você goste muito de filmes ruins, economize seu dinheiro. Era melhor ter visto o filme do Pelé.
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