Crítica: Até o cair da noite

Um Thriller de Amor Complexo com Ritmo Lento

No mais recente filme noir dirigido por Christoph Hochhäusler, intitulado “Até o cair da noite”, somos levados a um submundo de disfarces, investigações secretas e um relacionamento complexo entre o investigador Robert (Timocin Ziegler) e a mulher trans Leni (Thea Ehre). O filme mergulha na complexidade da identidade, dos sentimentos e da criminalidade, oferecendo um olhar intrigante sobre como a trama de uma operação policial se entrelaça com a história de um relacionamento passado.

A narrativa do filme começa com a construção de um apartamento, uma metáfora visual da construção do enredo. A trama segue Robert, um policial disfarçado, que deve se fazer passar por namorado de Leni para se infiltrar na quadrilha de um suposto traficante de drogas, Victor (Michael Sideris). No entanto, há um enigma pessoal nesta missão, já que Robert e Leni compartilham um passado romântico. A relação falsa entre eles se desenrola com um conjunto complexo de emoções, já que Robert luta com seus sentimentos, se sentindo atraído e repelido por Leni simultaneamente.

A produção traz à tona elementos dos filmes noir dos anos 70, lembrando um período mais ousado e livre na história do cinema. No entanto, a promessa inicial do filme é prejudicada por seu ritmo lento e pela falta de desenvolvimento ágil da trama. Com uma duração de um pouco mais de 2 horas, “Até o cair da noite” poderia ter sido mais eficiente com uma edição mais enxuta. A fotografia escura contribui para a atmosfera noir, mas também para o arrastamento da narrativa, que realmente poderia ter sido mais dinâmica.

O elenco, composto por Timocin Ziegler, Michael Sideris e Thea Ehre, desempenha seus papéis de forma notável. Ziegler incorpora o policial Robert com profundidade, mas é Thea Ehre como Leni que se destaca com uma atuação envolvente e autêntica. Ela traz vida a um personagem complexo e cativante.

O filme chega com a promessa de um thriller de amor complexo, mas, infelizmente, deixa algumas lacunas na trama. Os buracos na história e a falta de química entre os personagens de Leni e Robert são peças que não deixam o filme fluir. “Até o cair da noite” deixa a sensação de que poderia ter sido mais profundo em sua exploração dos conflitos emocionais e morais.

* “Até o cair da noite” foi visto durante o Festival do Rio 2023.

Crítica: Até o cair da noite

Sinopse

Para ganhar a confiança de um traficante, o investigador Robert precisa fingir ser o namorado de Leni. A polícia espera que seus laços com o criminoso os ajudem a se infiltrar na quadrilha. Enquanto essa parte do plano funciona relativamente bem, o relacionamento falso é difícil desde o início. Leni é uma mulher trans e Robert foi apaixonado por ela antes da transição. Ironicamente, é Victor, o traficante de drogas, que fará Robert confrontar os dilemas de seus sentimentos. Urso de Prata de Melhor Atuação Coadjuvante para Thea Ehre no Festival de Berlim 2023.

Prós

Referência ao Noir.

Boas atuações separadas.

Contras

Não soube equilibrar o suposto romance com um filme supostamente policial.

O filme tem um ritmo arrastado.

Falta algo de inovador para a trama se desenrolar.

3

Nota

Imagens