“Betânia” explora a cultura do Maranhão e as dunas dos lençóis maranhenses
O Brasil é conhecido mundialmente por sua cultura plural. Seja por influência dos países colonizadores ou pelas estruturas sociais que construímos ao longo da história, as diferentes regiões dos país são extremamente diferentes em seus modos de experienciar a realidade. E em “Betânia”, exploramos a cultura maranhense.
No longa dirigido e roteirizado por Marcelo Botta, acompanhamos Betânia e sua família passar por mudanças radicais após a morte do patriarca do grupo. A personagem-titulo interpretado por Diana Mattos, parteira desde seus tempos de moça, lida com o recente luto de seu marido e o longíquo luto deixado por uma de suas filhas.
O filme tem como ponto de partida o enterro do companheiro de Betânia, e ali Marcelo Botta destaca com louvor os pontos fortes do filme. Gravado nos lençóis maranhenses, a cinematografia se apropriado do cenário que enche os olhos de qualquer espectador. Tendo cenas noturnas iluminadas muitas vezes somente por velas e lamparinas, fazendo ótimo uso das sombras e criando composições de encher os olhos.
Além da fotografia, o trabalho de som é magistral. A trilha sonora é muito bem selecionada, variando entre cantigas locais e remix de músicas como Carelles Whisper reimaginadas para o reggae. Sem mencionar o trabalho de som.
Junto de Betânia, acompanhamos os outros membros dessa família, seu neto Tonho filho, o pai dele Tonhão, sua neta Vitoria e a sua filha Jucélia, além de amigos que agregam no âmbito familiar como Ribamar, o pescador. Todos os personagens estão enfrentando grandes desafios pessoais, desde a vida escolar, amorosa e profissional. Todos os personagens se encontram perdidos, e buscam em diferentes locais o seu lugar no mundo.
Entre alergias e choros, testemunhamos a força implacável do tempo de exercer sobre os personagens
Talvez por sua estrutura pautada em contar a história de diversos personagens, fazendo paralelos entre eles (por exemplo: Betânia está em uma festa regional bebendo enquanto sua neta está em um Reggae), recordei imediatamente de “As Coisas Simples da Vida”, dirigido por Edward Yang. E não me impressionaria se Marcelo Botta ao roteirizar seu primeiro longa-metragem tenha usado o filme como uma das principais referências.
Mas se “As Coisas Simples da Vida” começa em um casamento e termina em um enterro, em “Betânia” tomamos a direção contrária. Extremamente sensível e muito bem amarradinho, tudo o que resta a audiência no final do filme é se emocionar com o final dessa linda história sobre família, transformação e cultura.
*Este filme foi assistido durante o Festival do Rio 2024.
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