A primeira temporada da série “Cardinal” acabou e muita gente perdeu esse grande suspense policial. Já renovada para mais duas temporadas, ela é uma adaptação dos livros de Giles Blunt “Os mistérios de John Cardinal”.
A história narra a vida de John Cardinal (Billy Campbell) que é perseguido pelo seu passado em diversos frontes: um crime novo parece estar relacionado a um antigo assassinato não resolvido e uma investigação é feita sobre suas misteriosas ações no passado ainda como detetive por Lise Delorme (Karine Vanasse).
Dirigido por Daniel Grou, é clara uma linguagem bem estudada, única e profunda do gênero policial e detetivesco. A escolha de Billy Campbell (The Killing) é muito certeira, dado seu excelente papel na outra incrível série policial “The Killing”. Karine Vanasse (“Revenge”, “X-Men: Dias de um Futuro Esquecido”), apesar da grande diferença de altura (algo que também ocorreu em “Arquivo X” com Dana Scully), mostra-se uma policial e personagem fortes, não caindo em clichês do universo feminino hollywodiano. Ambos são personas mais profundas que o que quase toda a tevê procura representar e suas questões pessoais são mais trabalhadas e originais. No fundo, houve uma preocupação em não “agradar” o público com questões que sua maioria poderia vivenciar, mas com novas.
Há uma batalha ética em cada episódio e de certa forma aprofunda uma questão simples, mas que não se explora ou se toma como auto-evidente em outras séries e filmes: a responsabilidade pelo mal. Se adentra uma camada a mais nesta discussão na questão: como comer, descansar ou dormir sabendo que há um assassino incansável a solta? A pergunta em si parece simples, mas “Cardinal” aprofunda sua questão. Quando você é responsável por impedir o mal de investir uma vez mais, como viver – no sentido amplo da palavra – sem culpa?
A aposta da estética. Como em “True Detective” – a primeira temporada – com as grandes filmagens nos pântanos e em “The Killing” com as cenas citadina da chuva e abandono, a aposta da CTV para esta série canadense é sua floresta branca. E poucas vezes tal metáfora ou mesmo fotografia coube tão bem em uma história/personagens. Nesse ambiente, não se encontra perdido por estar numa floresta – comum signo daqueles que fogem da cidade, talvez como em “A Bruxa” -, mas a imensa branquidão de tudo ao seu redor; quando tudo é indiscernível. Isso é a perdição, o labirinto de todas as cores.
São seis episódios que sintetizam uma boa história sem prolongas ou fatos desnecessários. O diretor Daniel Grou guarda o melhor para o final com uma incrível cena de perseguição policial, porém com a balança pendendo para o grande suspense ao invés da ação desenfreada, como na segunda temporada de “True Detective”. A renovação quase imediata da série, já mostra que veio para ficar. E, se puder manter sua qualidade, já sabemos que não haverá nenhum arrependimento.
Por Paulo Abe
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