Caracterizado pela Rolling Stones como um filme de John Hughes (“Gatinhas e Gatões”) para um público que se preocupa com o social, “Com amor, Simon”, realmente em muito se assemelha aos grandes clássicos teen da década de 80, utilizando diversos clichês e recursos já vistos anteriormente no cinema. Entretanto, o que torna a obra diferenciada das demais, é o fato de ser a primeira comédia romântica mainstream a ter como personagem principal um jovem gay na busca por aceitação.
Baseado no livro “Simon vs A Agenda Homo Sapiens”, da escritora Becky Albertalli, o filme retrata a história de Simon Spier (Nick Robinson), um jovem de dezessete anos que leva uma vida aparentemente normal, mas esconde sua sexualidade de sua família e amigos. Tudo muda quando ele se apaixona na internet por Blue, um autor anônimo que também afirma ter dificuldades para se assumir e estuda em sua mesma escola. Dessa forma, Simon começa uma busca para descobrir quem é o garoto, assim como para conhecer a si mesmo.
O roteiro escrito por Isaac Aptaker e Elizabeth Berger (“This is Us”) consegue com maestria fazer com que o público se apegue e identifique com todos os personagens, independente da orientação sexual do espectador. O pulo do gato é mostrar que mesmo sendo gay, Simon é um jovem totalmente normal e que assim como seus amigos héteros está tentando descobrir quem é e como ser aceito no seu meio social.
Os atores que compõem a estrutura familiar e escolar de Simon ajudam a reforçar a mensagem de aceitação e a tornar o longa ainda mais comercial. A escolha do elenco foi feita de maneira inteligente, contando com profissionais de séries e filmes apelativos para o público jovem e com artistas renomados em comédias românticas. No primeiro caso pode-se destacar a atriz Katherine Langord, que interpreta a melhor amiga do protagonista, e o ator Miles Heizer, ambos da produção original do Netflix: “13 Reasons Why”. Já no segundo caso, Josh Duhamel (“Juntos pelo Acaso”) e Jennifer Garner (“De Repente 30”) corroboram para evidenciar o aspecto family friendly da obra.
Junto aos atores queridinhos do público jovem e ao roteiro bem formulado, a direção de arte aposta em elementos da cultura pop para mostrar aspectos da personalidade de Simon e aproximá-lo do espectador. O quarto do protagonista possui diversas referências a peças, programas de TV e principalmente ao mundo da música. O cartaz do musical “Hamilton” em seu mural; um funko da “Hora de Aventura” e os discos de vinil, mostram que ele é apaixonado por elementos tanto do mundo mais infanto-juvenil, como de um mundo mais velho, o que amplia as chances de identificação com a audiência.
Dirigido por Greg Berlanti (“Juntos Pelo Acaso”), “Com Amor, Simon”, consegue ser um filme capaz de emocionar e fazer pensar, mesmo sendo extremamente leve. Diferente de seu outro longa de temática LGBT, “Clube dos Corações Partidos”, a obra mais nova investe em uma abordagem mais alegre e açucarada, focando nas paixões, amizades e outros dilemas adolescentes.
Ainda que “Com Amor, Simon” também tenha alguns pontos negativos, como a relação do protagonista com os pais que poderia ser mais aprofundada e alguns diálogos que são pouco demorados e profundos, o filme é um ótimo pontapé para iniciar conversas em família sobre sexualidade e problemas que os jovens passam. Indo muito além do esperado, a obra também, fala sobre exposição nas redes sociais, solidão e a importância de saber quem você é, temas importantes para o público infanto-juvenil. Assim, mesmo que há pontos que pudessem ser melhorados, eles não tiram a importância e a força da mensagem, especialmente nos tempos atuais.
Por João Vitor Estima
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