Chega aos cinemas no próximo dia 02 de março, o filme de horror “Duas Bruxas: A Herança Diabólica”, queridinho da crítica e dos festivais especializados no gênero. Nesta crítica admitimos que, de fato, é um filme bem dirigido. Contudo, apresenta uma narrativa confusa e até mesmo muito limitada em relação às bruxas.
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“Duas Bruxas” apresenta duas histórias envolvendo bruxas matriarcais, ou seja, bruxas que buscam passar seu legado adiante sempre para uma mulher da próxima geração. Aí começa a primeira confusão. O filme tenta de forma muito rasa conectar as duas, porém, o elo é tão fraco que faz mais sentido analisar separadamente as duas.
Na primeira história, a mais fraca das duas, a grávida Sarah (Belle Adams) acredita estar sendo perseguida por uma bruxa (Marina Parodi) enquanto Simon (Ian Michaels) é o marido cético que não perde a oportunidade de desacreditar suas queixas. Tudo muda quando eles visitam um místico casal de amigos. Só com esse resumo, já temos uma coleção de clichês que não explicam e nem levam a nenhuma conclusão satisfatória sobre os eventos macabros que acontecem na casa.
Da escolha da bruxa por Sarah, até o desfecho de sua ação sobre as pessoas, tudo parece muito aleatório e até meio sem graça. O que salva essa primeira parte é o bom trabalho de direção de Pierre Tsigaridis, que aposta em simbolismos característicos do sobrenatural em sequências bastante dinâmicas, e o melhor, cheias de sustos.
Segunda parte de “Duas Bruxas” é mais coesa
Os três roteiristas do filme Maxime Rancon, Pierre Tsigaridis e Kristina Klebe (que também atua na segunda parte) apresentam uma história bem melhor na segunda parte. Na história, Dina (Klebe) é uma mulher em um relacionamento estável que divide um apartamento com Masha (Rebekah Kennedy), uma mulher esquisitona, sem sorte nos relacionamentos e com tendências violentas. Ela sabe que está em vias de receber o legado de bruxa de sua avó e decide abrir o jogo com a roommate.
Embora tenhamos uma história mais bem encadeada, nem a presença de uma mulher entre os roteiristas é capaz de eliminar alguns clichês. Em um diálogo, Dina tenta desconstruir a ideia de que as bruxas são seres malignos, mas Masha é por si só um argumento contra isso. Ela é uma bruxa que lança sua fúria sobre a amiga com inveja de tudo que Dina tem: um relacionamento, uma carreira, uma mãe amorosa.
Tanto na primeira parte quanto na segunda, a abordagem sobre as mulheres é péssima para um filme que se propõe a falar do matriarcal. Na primeira, Sarah é a mulher grávida, vulnerável, sofrendo com os hormônios, na segunda, Masha é a típica mulher mal amada.
A segunda parte é ainda mais assustadora que a primeira, igualmente bem dirigida. Além disso, é potencializada com a única atuação inspirada do longa, que é a de Rebekah Kennedy. Ela vai da mulher que sofre à bruxa maligna sem fazer muito esforço. Há também um excelente trabalho de maquiagem e fotografia, que acertadamente confere uma estética de filme B em algumas sequências. O epílogo indica que haverá uma continuação. A expectativa é que ela apresente uma história mais coesa e que amarre melhor os acontecimentos apresentados nas duas partes. E de preferência com uma narrativa sob um olhar mais feminino e matriarcal.
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