“Escape Room” é claustrofóbico, mas não impactante.
Os jogos de Escape Room surgiram no início dos anos 90, eram inicialmente apenas jogos eletrônicos, criados por linguagens de programação. Eles dispunham, como características, de uma estrutura que fazia os jogadores trabalharem o raciocínio. Nesses jogos, as pessoas eram inseridas em recintos – podendo ter estes diferentes temas – onde inúmeros enigmas, após desvendados, dariam a saída e a vitória. Desde o início dos anos 2000, esses jogos se tornaram populares em um novo formato – desta vez em “live action”, ou seja: as pessoas são colocadas em ambientes reais, onde possuem um determinado tempo para que possam encontrar a saída do “quarto”. Esse jogo normalmente é feito em grupos de variados tamanhos. Além de diversão, o jogo tornou-se popular também em entrevistas de emprego, para avaliar como os candidatos se portam em uma situação de pressão onde devem solucionar problemas.
Dito isso, aqui está “Escape Room” – um filme homônimo ao jogo e que se inspira em tal para sua criação. O longa estreia com a promessa de ser uma espécie de “Jogos Mortais“, trazendo mortes cruéis e situações claustrofóbicas dentro de tal game. Seis pessoas, cada qual com traumas passados em comuns, são convidadas misteriosamente para participarem de um jogo de escape. O que essas pessoas não esperavam é que o jogo traria perigos reais para todos participantes. A partir do momento que veem suas vidas em perigo, a luta de cada um para vencer os desafios e fugir de cada ambiente nos apresenta uma aventura tensa e claustrofóbica.
Um jogo de escape real, já nos insere em uma estrutura de pressão e claustrofobia, e essa estrutura do jogo é muito bem explorada no filme. Os destaques nesse ponto fica por conta dos desafios apresentados e os cenários criados. Cenários esses, que a cada desafio proposto no jogo são mirabolantes e muito bem construídos – sempre com boas ideias para levar a escapatória do ambiente.
A direção de Adam Robitel, em conjunto com a fotografia, exploram bem tais cenários e dessa forma deixa o público imerso no jogo. Conseguimos antes da conclusão de cada desafio conhecer os pontos de cada ambiente, e com isso brincamos de saber qual a próxima chave. A criação de tensão e imediatismo em meio aos desafios, acaba por prender ainda mais aqueles que assistem e nesses momentos o filme tem seus principais êxitos.
Entretanto, a frustração fica – como já dito anteriormente – em não trazer sangue, mortes violentas, ou qualquer aspecto de imprevisibilidade que cause um real impacto. O que impressiona é que a estrutura que cada desafio dispõe de um espaço onde caberia perfeitamente esse tipo de situação, porém o roteiro as desperdiça. Dessa forma o filme foge de uma estrutura de filmes de horror, ou terror, abraçando somente o suspense. Isso faz com que a trama ganhe um pouco mais de apreensão, e os vários momentos claustrofóbicos, por sua vez, porém esses não são mais que obrigação do longa uma vez que se propõe a isso desde o trailer.
O elenco dispõe de atuações medianas, até por uma questão da atuação não ser muito exigida pelo roteiro – uma vez que esse se ampara em diálogos simples, pouca estrutura psicológica e exploração emocional. Seja nas situações tensas, ou em raras cenas de ação e drama, pouca coisa exige expressividade dos atores. A personalidade de cada um é explorada por meio dos conflitos internos entre um grupo de desconhecidos, mas isso fica a desejar. Taylor Russell (Zoey) tem um protagonismo que é explorado muito tardiamente, tendo mais destaque para Logan Miller (Ben), como um jovem que carrega o peso de acontecimentos passados.
No geral, “Escape Room” tem uma história bem construída mas não funciona como deveria. Trata-se de um longa que causa tensão e diverte, mas falta carnificina e nesse ponto diverge muito do que promete em sua divulgação.
Fotos e Vídeo: Divulgação/Sony Pictures
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