Nós somos Seres que vivemos em sociedade, de uma certa forma dependemos uns dos outros para construirmos os nossos territórios. Muito se fala sobre estabelecer laços afetivos e a possibilidade de confiarmos no próxima, mas na prática é outra história. Em algum momento da vida vivemos (ou viveremos) situações em que pessoas próximas nos contaram sobre traições, roubos, constragimentos, mentiras e outros problemas que fizeram parte de suas vidas. Momentos como esses acabam nos gerando uma certa tensão mental, um medo de confiar além de nossa própria porte (em alguns casos, até mesmo dentro dela), devido a insegurança de se envolver. Por esse motivo, a escolha pela solidão aparece como uma das primeiras opções de muitas pessoas.
No filme “Invasão de Privacidade”, que estreia no dia 10 de novembro de 2016 no circuito nacional, observamos um pouco desses conflitos através de relações confusas, construídas entre determinadas pessoas, mas que não se consolidam e envolvem certos traumas, perversões e assédios no decorrer da trama. É a história de executivo, Mike Ryan, interpretado por Pierce Brosnan, dono de uma grande empresa prestes a falir. Ele vive com a sua família, constituída por uma esposa e uma filha, em uma casa toda planejada, sonho de consumo de qualquer um. Ao necessitar de um serviço, contrata um especialista em tecnologia para a empresa e o convida para ir até a sua casa consertar o WiFi, local onde o mesmo começa a assediar sua filha e o mote para todo o problema que gera no decorrer da história.
O roteiro, escrito por William Wisher Jr. e Daniel Kay, embora seja uma mistura de tensão e adrenalina, não deixa de ser clichê e mal trabalhado. Os roteiristas perdem o equilíbrio estrutural do enredo no meio do filme. A princípio até conseguem cativar o espectador, mas em certo momento tudo entra em declínio, sobrando uma história desorganizada e sem fundamentos.O diretor John Moore é outro que trabalhou de forma mecânica, não conseguindo escolher bem seus enquadramentos e detalhes importantes em determinados ângulos que poderiam fazer grande diferença. O mesmo pode ser dito de seu trabalho com os atores. Sem conseguir extrair o potencial dos mesmos, o que se encontra é uma atuação fria e forçada.
Brosnan, mesmo não sendo um excelente ator, sempre foi esforçado e extremamente charmoso, o que sempre chamou a atenção em seus trabalhos. Mas, aqui, nem o charme foi possível detectar no ator que acabou interpretando no automático. James Frecheville, até se esforça para passar a verdade através de suas cenas, as quais chegam até gerar uma certo incômodo devido a perversidade da personagem, mas também fica por aí devido ao roteiro. Entretanto, indo mais a fundo, conseguimos encontrar a construção do mesmo é detalhes da estrutura mental comprometida, compondo quase toda essência do filme e, ao meu ver, a atuação mais interessante.
A fotografia fica por conta de Ekkehart Pollack. Acostumado com produções com teor psicológico, como “Gamer” e “Autópsia de um Crime”, o fotógrafo proporciona um trabalho satisfatório, mas a necessidade de criar ambientes fechados em demasia, deixa a desejar.
Outros pontos negativos do filme fica por conta maquiagem que foge totalmente da verossimilhança e o figurino que, apesar de interessante, não convence em todas as cenas.
Em um todo, Invasão de Privacidade foi mal elaborado. Por ser um assunto interessante e que podia ser explorando em outras vertentes, ampliando a força das personagens e determinadas cenas, tenho o roteiro como o detruídor da produção.
Por Marina Andrade
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