Em 2017, “Mulher Maravilha” foi lançado com a pressão de ser o filme sucessor da DC nos cinemas após o fracasso (que foi devido a motivos em parte injustos) de “Batman vs Superman: A Origem da Justiça”. O filme dirigido por Patty Jenkins e protagonizado pela estrela em ascensão Gal Gadot superou o desafio e agradou, principalmente porque tratava de temas sérios, como os conflitos da Primeira Guerra Mundial, mas sem perder seu teor de filme comercial baseado em uma história em quadrinhos. O feminismo também se fortaleceu a partir de uma personagem representativa, além, é claro, de ter sido o primeiro filme dirigido por uma mulher a alcançar mais de US$ 800 milhões em bilheteria. Ou seja, ótimo desempenho dentro e fora dos Sets de filmagem.
Depois disso, e de toda a má recepção e confusão causados por “Liga da Justiça”, a expectativa de sucesso novamente se volta para a amazona criada por William Moulton Marston e H. G. Peter. No entanto, “Mulher Maravilha 1984” não consegue o êxito de seu antecessor, e acaba cometendo os mesmos erros de outros filmes malquistos da DC. Erros esses, inclusive, que pareciam terem sido superados pela Warner Bros. depois dos seus inúmeros fracassos. Para começar e apontar o principal deles, basta citar a compulsão do estúdio em imitar as coloridas produções feitas para toda a família e cheias de humor da Marvel. É um retrocesso, já que recentemente houve o anúncio da versão de Zack Snyder de “Liga da Justiça”, o que apontava uma volta ao conhecido estilo mais adulto da DC, que é sua assinatura nos quadrinhos e filmes mais antigos, como “Batman: O Cavaleiro das Trevas”, e um diferencial em relação ao seu concorrente direto.
Para piorar, as intenções cômicas de “Mulher Maravilha 1984” vão logo por água abaixo quando se percebe que suas melhores piadas são as que foram mostradas em seus inúmeros trailers. Esse é o mesmo mal pelo qual sofre as sequências de ação, anteriormente vistas e revistas pela internet ou em alguma Comic Con, inclusive através de cenas de making off. Furos de roteiro, uma vilã mal construída e fraca (ela não é páreo para uma Diana, em certo momento, enfraquecida) são os outros pregos que vão fechando gradativamente o caixão do filme até seus derradeiros minutos. Nem mesmo o carisma e o charme de Gal Gadot são suficientes para amenizar o estrago.
O roteiro, escrito pela própria Jenkins com Dave Callaham e Geoff Johns, possui momentos de pura vergonha alheia, como quando Diana usa seu laço mágico para laçar balas, aviões, misseis e até raios (Sim, raios!). Alguns poderão dizer: “esses elementos fazem parte dos quadrinhos”. Bom, para quem não é familiarizado com a obra adaptada, fica difícil saber se isso é de fato verdade, mas é possível dizer que nem tudo que é mostrado no papel fica bom em imagens em movimento. O uniforme da heroína é outro que precisa passar por uma revisão para perder o aspecto de fantasia de carnaval tão evidente em “1984”. Nos outros filmes em que a personagem aparece, a fotografia é mais escura, com tons de preto e cinza, (há ainda a versão mais sóbria idealizada por Zack Snyder), o que não favorece as cores gritantes da roupa, tão destacadas aqui pela iluminação intensa.
Com certeza, “Mulher Maravilha 1984” não foi construído para ser um drama pesado e sim uma peça de diversão. Ele até pode ser tratado como uma homenagem aos filmes de High School dos anos 80, aqueles da sessão da tarde que os brasileiros tanto conhecem e aprenderam a amar. Quem, afinal, não gosta de uma comédia romântica, ou de uma história onde o nerd se torna popular da escola, ou ainda aquela em que um elemento fantástico muda a vida do protagonista? Provavelmente todo mundo! O problema em relação ao longa de Patty Jenkins é que as homenagens geralmente não conseguem fazer jus aos originais.
Obs: Há uma rápida e discreta homenagem à atriz Lynda Carter, a Mulher Maravilha da TV dos anos 70, em uma cena que envolve a Armadura Dourada.
Vídeo e Imagens: Divulgação/Warner Bros Pictures/DC
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