“Nostalgia” conta a estória de Felice, um homem que volta para sua terra natal, Napoli, para encontrar sua mãe que se encontra nas suas últimas semanas de vida. Em meio à sua volta, Felice quer resolver suas pendências com aquele que foi seu melhor amigo, Oreste, que é o novo rei do crime e que faz questão de dar sinais à Felice para sair de Napoli a qualquer custo.
A obra do diretor Mario Martone consegue capturar a atenção do espectador por conta da criação que é criada na atmosfera de Napoli com figurantes a todo tempo olhando Felice de alto dos prédios, como se todos fossem abutres que trabalham de forma indireta para essa morte andante que é Oreste. Oreste que se apresenta realmente como se fosse a morte, já que anda apenas pelo submundo de Napoli apenas de casaco encapuzado e calça preta.
A obra consegue ter um trabalho de montagem e fotográfico maduro para conectar o passado de Felice e de Oreste com o momento presente, seja no formato e na textura da imagem, o trabalho nesse ponto é bem sucedido, uma simplicidade que funciona em contexto com toda a obra que não se mostra querer utilizar de muitas artimanhas técnicas. Fator no qual faz a obra funcionar.
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A relação de Felice com sua Mãe é elaborada de forma apressada, mas não displicente. A direção enfatiza em momentos que a Mãe se sente incomodada por sua velhice a ponto de não querer mais sair na rua e por ter que ser cuidada minuciosamente por Felice, até mesmo para tomar banho. Mas não é capaz de disfarçar que a direção apreça essa trajetória para focar na relação focal da relação conturbada entre Felice e Oreste.
A trilha do filme acaba se tornando deslocada na maioria das vezes que é aplicada, até mesmo por ser um filme em que a cidade de Napoli funciona quase como um personagem, mas a trilha não sabe muito bem onde ficar e muito menos como conectar a música ao momento ali presente dependendo do contexto da cena. Além do excesso de cenas de Felice simplesmente passeando pela cidade, e logo depois entrar algo que parece extremamente dramático, mas que na verdade não é.
Ao mesmo tempo que “Nostalgia” quer ser uma obra contemplativa e poética, a direção de Martone quer colocar o espectador para não esquecer da tensão que existe dentro de Napoli. Oque acaba indo por água abaixo, pois o espectador acaba não entrando por completo na jornada em ambas vertentes que são apresentadas, oque resulta em algo rápido e mal digerido por aqueles que assistiram a obra.
“Nostalgia” apresenta uma Napoli bastante amarelada e acinzentada, quase remetendo a uma fotografia envelhecida. As cenas de flashback conseguem fazer um contraponto, sendo elas mais saturadas e no formato 4:4, fazendo o contexto de que aqueles dias alegres e inocentes jamais voltaram acontecer nessa amizade que não existe mais.
O filme mesmo tendo elementos estéticos cativantes, o mesmo se perde naquilo que quer propor, com alguns momentos de atuação que funcionam em certa parte e com alguns simbolismos atmosféricos instigantes. Mas Nostalgia acaba sendo mais um filme dramático sobre um passado mal resolvido de um protagonista confuso, sendo mais um melodrama italiano esquecível e sem saber muito bem oque quer dizer.
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