Seria redundante dizer que um filme de comédia romântica é apaixonante… mas é difícil encontrar outras palavras após a sessão de “O Amor Dá Voltas”, mais novo filme de Marcos Bernstein, conhecido por roteirizar filmes como “Central do Brasil” e dirigir a adaptação de “Meu Pé de Laranja Lima”.
No filme, acompanhamos o André (Igor Angelkorte), um médico do programa “Médico sem fronteiras”, que durante seu trabalho na África, mantém contato com sua namorada Beta (Juliana Didone) através de cartas escritas a mão. Essas cartas, entretanto, não são de sua (ex) namorada e sim de sua cunhada Dani (Cleo) que com pena do médico, mantém a ilusão do relacionamento de pé. Com a volta dele ao Brasil, um caos é instaurado, e os três agora tentam resolver a situação e entender uns aos outros.
A escrita sensível de Marcos, já mais que conhecida pela sua filmografia, encontra nesse filme um espaço perfeito para que possa brilhar. Sempre atento aos detalhes, imprimindo perfeitamente os dilemas morais de todos, deixando o público dividido sobre suas escolhas e envolvido com suas intrigas. A curta duração do filme não impede que seus personagens se desenvolvam em um ritmo agradável ao público, tendo um ótimo desenvolvimento e amadurecimento.
O grande mérito do roteiro, entretanto, esta nas variações de tom entre a comédia e o drama, tendo um ótimo timing pra essas variações. Mas com certeza, a excelente atuação de Igor Angelkorte na pele de André potencializa essas variações, e fica impossível não se encantar com seu personagem e rir das situações em que ele próprio se coloca. A química entre seu personagem e a de Cleo, entretanto, se mostra por partes morno, mesmo que o segundo ato do filme seja inteiramente dedicado para essa construção, levando o telespectador a um pequeno road movie com os dois personagens.
Agora, quando os três estão em cena, suas interações são espetaculares e logo é notável o peso que a ausência de um deles tem na tela, Juliana e Cleo brilham no terceiro ato do filme, trazendo em cena o conflito interno que as irmãs estão enfrentando, cada uma, claro, de sua maneira. Ainda falando dos três personagens, o triângulo amoroso que acompanhamos em tela é bem diferente do que estamos acostumados a assistir: os três possuem carinho uns pelos outros e uma boa amizade entre eles, o que faz o filme ser extremamente maduro, nos mostrando uma faceta muito importante do amor: o outro.
O filme, desde o inicio, se mostra constantemente ser sobre essa troca que falta muito nos relacionamentos atuais, seja pelo conteúdo das cartas que o André escreve pra Dani, nunca tendo falado daquela forma pra Beta; Seja pela forma que a Dani lida com a(s) mentira(s) que ela conta pra não ter que se abrir, mas que, quando descobertas, acabam falando muito mais sobre ela do que teria se ela não tivesse mentido.
A fotografia do filme faz um ótimo papel em dados momentos, criando constantemente belos quadros e potencializando a interação e a evolução do relacionamento dos três personagens, e isso tudo mantendo a estética clássica de filme brasileiro, imprimindo um diferencial de outros romances um tanto quanto mais americanizados.
Devemos, também, dar destaque para a direção de arte e iluminação, que complementam a construção dessas personalidade para além de suas personas físicas, transbordando pros cenários como o apartamento do André, que mantém tudo perfeito… até demais, e pro carro da Dani que está implorando por um check-up.
A escolha de trilha sonora, como colocado pela própria equipe do filme durante a pré-estreia, pode soar brega pra alguns espectadores, o que não é mentira, mas não empobrece em nenhum momento o filme. Entretanto, seu uso se demonstra um tanto quanto exagerado no início da película… mas conforme o filme prossegue, as inserções musicais ficam perfeitas, fazendo com que seja extremamente difícil não se pegar cantando “pense em mim… chore por mim…” logo depois de assistir o filme com um sorriso no rosto.
Em resumo, O amor da voltas é o filme perfeito pra se assistir acompanhado, utilizando bem de clichês e sendo uma ótima pedida pra esse final de ano!
Por Pedro Mesquita
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