Em “O Portal Secreto”, Paul (Patrick Gibson) e Sophie (Sophie Wilde) são estagiários humildes e maltratados que começam a trabalhar na misteriosa empresa londrina JW Wells and Co. e se tornam cada vez mais conscientes de que seus empregadores são tudo menos convencionais. Humphrey Wells (Christoph Waltz), o CEO da empresa, e o gerente intermediário Dennis Tanner (Sam Neill) estão revolucionando o mundo da magia ao trazer a estratégia corporativa moderna para antigas práticas mágicas. No entanto, Paul e Sophie logo descobrem a verdadeira agenda da vasta corporação comandada pelos vilões carismáticos: eles desejam, na verdade, destruir o mundo da magia.
Ele só queria um emprego… Como muitos jovens
Eis que surge mais um filme, inspirado em um livro para jovens adultos, a adaptação da saga literária escrita por Tom Holt, que muito se assemelha a Harry Potter e similares. Mas até onde eu vi, essas similaridades terminam no envolvimento de magia, pois Paul, o protagonista, não é uma criança e nada está determinado.
Ele só quer um emprego para sobreviver na capital londrina, já que seu colega de quarto está cansado de tentar sua grande chance e prefere voltar ao seu país natal e viver com seus pais.
Em uma dessas buscas e entrevistas de emprego, por um ato fortuito envolvendo um cachorrinho fofo e travesso, ele acaba entrando na área de seleção da empresa JW Wells e Cia, onde, após uma entrevista muito nonsense, divertida e baseada em coincidências um tanto quanto bizarras, causa uma ótima impressão justamente no CEO e herdeiro da empresa, o Sr. Humphrey Wells (o Sr. Christoph Waltz, mais uma vez em um papel excêntrico, o mesmo que ele já desempenhou desde que foi descoberto por Tarantino, mas aqui ao contrário de outros filmes, muito bem encaixado!).
Quando é aprovado para sua surpresa, Paul se vê em uma empresa com estranhos costumes e tarefas que à princípio não lhe fazem sentido, o que lhe causa estranhamento, mas opa, é um emprego!
No decorrer de suas tarefas, ele encontra uma das suas concorrentes na seleção, aparentemente fria, determinada e ambiciosa, Sophie, que não lhe dá a mínima chance de ser simpático, deixando o tímido e bondoso Paul cada vez mais sem jeito e embaraçado. Não ajuda também ter um chefe/gerente como o Sr. Dennis Tanner (Sam Neill, divertido e divertindo), um homem grosseiro que insiste em diminuir a todos e que exerce sua rabugice constantemente e prioritariamente em Paul, pois nem ele nem seus pares no conselho da empresa conseguem enxergar o que o Sr. Wells viu naquele rapaz tímido e desajeitado.
A partir da rotina de Paul e Sophie, desenvolve-se o interessante e divertido enredo do filme, que envolve o tal Portal Secreto que pode levar a pessoa que o descobrir aonde quiser e a qualquer momento, tanto no planeta quanto em outra dimensão onde jaz um Sr. idoso, cercado por centenas de portas sem fim (imagine um cenário dominado por portas em todas as direções possíveis), tentando voltar ao seu lugar de fato.
Magia, descobertas, transformações e uma pitada de comédia romântica em um filme que tem observações sagazes sobre nossa vida moderna e o mundo empresarial, com o charme típico de uma média produção inglesa! Como se trata de um mundo de magia, há algumas criaturas mágicas e, sem spoiler, que surpresa e alegria encontrar na produção a Jim Henson’s Co., do tipo encontradas nos efeitos de filmes que beiram o clássico como “Labirinto”, “A Magia do Tempo” com David Bowie (sim, ele mesmo) e “A Lenda” com Tom Cruise (é, o Ethan Hunt do vindouro “Missão Impossível 7” – crítica no site) e “O Cristal Encantado”.
Há muito tempo eu não via esse tipo de efeito prático em que se pode desfrutar das camadas da pele das criaturas (sem spoiler), sem uma maquiagem digital que poderia soar falso nesse mundo tão palpável, embora seja uma fantasia.
Embora a partir do momento em que se localiza e aprende a usar o Portal Secreto já dê para descobrir o restante da trama e para onde ela vai, o sentimento recompensador de descobrir essa nova fábula supera as pequenas inconsistências do roteiro e o final um tanto quanto previsível.
Destaque para as atuações do protagonista Paul, Patrick Gibson, perfeito e muito carismático na delicadeza e doçura, clichê nesse tipo de fantasia, mas com timing perfeito de surpresa e comédia. Que achado! Já a co-protagonista Sophie Wilde é uma boa atriz, mas não a senti tão carismática… Faz a típica “sabe tudo”, mas sem o charme de uma mulher curiosa ou que analisa a situação como um todo, até perceber o talento escondido de Paul… É só pedante, até certo ponto.
Os coadjuvantes são muito eficientes e alguns, como a recepcionista da empresa, são engraçados de um jeito bizarro e divertido.
Que delicia de filme. Se puder, leve as crianças ao cinema!
Obs.: DUAS cenas pós-créditos que indicam uma possibilidade de continuidade da história!
Por Roberto Rezende
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