Ridley Scott leva mais um filme épico aos cinemas. “O Último Duelo” é uma adaptação do romance homônimo de Eric Jager, que por sua vez se baseia em fatos reais. Em 1386 na França, Marguerite de Carrouges afirma ter sido estuprada pelo melhor amigo de seu marido. Seu marido, o cavaleiro Jean de Carrouges, desafia seu amigo e escudeiro Jacques Le Gris a ser julgado em combate. É o último duelo legalmente sancionado na história da França.
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“O Último Duelo” é daqueles filmes necessários, por tratar de um tema tão sensível como o estupro e a violência contra a mulher. É triste ver que a situação pouco mudou através dos séculos. Contudo, o filme toma a decisão acertada de contar a história por três pontos de vista: de Jean de Carrouges (Matt Damon), de Jacques Le Gris (Adam Driver) e de Marguerite de Carrouges (Jodie Comer).
E os roteiristas Ben Affleck, Matt Damon e Nicole Holofcener (que também assinam a produção junto com Scott, Kevin J. Walsh e Jennifer Fox) brilharam ao retratar todas as nuances das três versões e ainda se posicionarem em favor da vítima, trazendo também a consciência de que estão tratando de um problema social e que infelizmente continua atual.
Jodie Comer parece ter nascido para interpretar mulheres à frente do seu tempo na Idade Média. Ela já interpretou Elizabeth de York na série histórica “The White Princess” do Starz. Com toda a certeza, a atriz é o grande destaque entre as atuações, já que é a personagem que mais muda entre as versões. Matt Damon e Adam Driver também estão muito bem, mas dentro do esperado.
Já Ben Affleck poderia ter ficado somente como roteirista e produtor. Soa artificial demais como o Conde Pierre D’Alençon, que é um personagem secundário, embora apareça entre os protagonistas nos créditos. Harriet Walter como a mãe de Jean de Carrouges e Alex Lawther como o rei Carlos VI fazem um bom trabalho, mas poderiam ter mais tempo de tela.
Aspectos técnicos valorizam a realidade da época
Ridley Scott sabe mesmo dirigir filmes épicos. A fotografia do filme usa tons frios para realçar não apenas a crueldade do estupro, mas também para retratar bem o clima dramático do momento histórico em si: uma época em que predominavam a fome e as doenças.
Tudo isso em meio à Guerra dos Cem Anos, uma série de conflitos entre a Casa Plantageneta, do Reino da Inglaterra, contra a Casa de Valois, do Reino da França. A luta era pela sucessão do trono francês entre 1337 e 1453. A direção de arte é muito realista ao reconstruir esse cenário. Não há a ostentação exagerada da realeza como costuma acontecer em produções desse tipo.
A cena do duelo, que foi o último realizado na França por força da lei, recebe toda a grandiosidade que se espera desse evento. O duelo em si é muito bem coreografado, sem economizar na brutalidade e com ângulos que valorizam cada golpe. Ao final, pouco importa quem vence. “O Último Duelo” é uma grandiosa produção que foi muito além do retrato histórico para trazer a reflexão de que estamos avançando nas questões sociais, mas a passos muito lentos.
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