O longa “On Off” é uma releitura da produção italiana chamada “Uma Simples Formalidade” do diretor Giuseppe Tornatore. A obra fala de um personagem, um escritor mundialmente famoso, que é interrogado por um delegado que assume ser um grande fã de sua obra. Mas o escritor não sabe porque é preso e nem se lembra de seus últimos momentos até estar presente com o delegado.
“On Off” segue uma direção geral que mescla vários diretores já conhecidos, seja a forma do filme em ser um único plano sequência com uma estrutura de peça parecida com a obra “Festim Diabólico” de Alfred Htichcock, a câmera dando piruetas e rodopiando como as obras “Climax” e “Irreversível” de Gaspar Noé. Além de ser tudo em um único ambiente em preto e branco, como um clima e um estilo de narrativa entre 2 personagens no estilo “Navalha na Carne” de Braz Chediak.
Mesmo com tantas referências e com uma história que pode render um suspense impressionante, a obra acaba resultando em um filme “peça” e esquecível. Não por conta de algum excesso pelos movimentos de câmera, ou por fatores técnicos, mas por um dos pilares mais essenciais para a obra funcionar: a interpretação dos atores e a forma que a câmera os captura. O filme em sua pirotecnia com os movimentos de câmera, deixa de lado a relação personagens e câmera.
A atuação de ambos consegue fazer jus à um lugar apático e sem vida como o da delegacia, onde acontece todo o filme. Mas o jogo mental entre o delegado e o escritor não tem uma correspondência certa de um ator para o outro, além de os movimentos de câmera mais atrapalharem as performances de ambos do que impulsionarem vida aos diálogos que se resultam em algo tão sem vida.
É necessário apontar o quão incômoda é a trilha sonora do filme, que afeta tão negativamente, seja os sons distorcidos em um soco ou em um momento que exige suspense. A trilha conseguiu estragar toda sequência em que apareceu, até mesmo as cenas onde aparece um violinista a música conseguiu não encaixar com a obra e se mostrar completamente deslocada.
É necessário que a direção consiga, ao querer dirigir algo que denota uma peça, em um filme para seu espectador, até para ter algo a mais para acrescentar ao filme como filme e não simplesmente passá-lo em uma tela e considerar que está feito o cinema. Não existe um trabalho de Mise-en-scène além da atuação, e por conta disso, a obra acaba se tornando mais um show de atuação do que um filme em seu conjunto. Algo que é aparente até na forma dos atores se comportarem em cena.
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“On Off” é uma obra que tem um potencial não aproveitado pela necessidade da direção em tornar a história mais em um experimento teatral do que uma obra cinematográfica ao espectador. Mesmo com atuações presentes e potentes em um curto espaço, a necessidade da direção se fechar para a atuação dos protagonistas e esquecendo o seu redor, faz “On Off” ser mais um filme esquecível por tentar convencer o espectador em ser algo que não é, uma peça.
Até o lançamento desta crítica, não havia trailer oficial disponível.
* Este filme foi visto durante a 47ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.
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