“Oslo, 31 de Agosto” conta a história de Anders, que acaba de sair da reabilitação depois de 10 anos sóbrio, e que mostra o primeiro dia de Anders fora de seu grupo de apoio, nervoso em encontrar aqueles que ele não encontrava faz muito tempo e tendo a primeira entrevista de emprego depois de anos desempregado e perdido em suas relações amorosas e com seus vícios.
A obra é dirigida por Joaquim Trier, que chamou a atenção dos holofotes com seu último filme “A Pior Pessoa do Mundo” (2021). A obra é conduzida de forma calma e com bastantes diálogos recheados de existencialismo e angústia por parte do protagonista, personagem de 34 anos que não se encontra estabilizado em nenhum emprego e ainda sente desgosto pela vida de seus antigos parceiros que decidiram constituir uma família e um estilo de vida no qual Anders sente certa repulsa.
A introdução do filme mostra uma narração com uma montagem de imagens de arquivo de um casal falando sobre o quão era belo e prazeroso viver em um lugar como Oslo, mas o diretor faz questão de frisar o quão Oslo é mais uma cidade normal e fria, sem nada para alegrar ou até mesmo depreciar quem vive nela, quase como se fosse a representação do que seria um limbo.
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Oque tem certo sentido, já que o protagonista mostra estar em declínio naquele mundo que o parece falso e sem nenhuma esperança, a ponto dele se encontrar em uma corda bamba entre voltar a seus vícios ou ir embora desse lugar que é Oslo. Mas, mesmo o filme sendo um retrato bem verídico do que seriam as pessoas depois dos 30 no mundo ocidental contemporâneo, a obra tenta nos conduzir em criar uma empatia e uma certa pena pelo protagonista de forma bastante forçada.
Anders é toda hora demonstrado como uma figura insegura e infantil, sem preparo e frágil ao mundo. Ao mesmo tempo esse conjunto de características fazendo muito sentido para oque é demonstrado na tela, o filme se torna quase uma narrativa sobre um personagem que sempre busca piedade dos outros a sua volta e que o mundo é culpado por tudo aquilo que ele enxerga e como ele se encontra no presente da obra.
Algo que distância o espectador que já olha para esse protagonista apenas como uma figura que simplesmente fala sobre sair daquele espaço, mas que parece que o necessita à todo tempo, até mesmo para dar uma razão para sua tristeza.
A direção de Trier também se mostra bastante insegura na obra, não sabendo balancear a linguagem que quer utilizar no filme, seja em como o mesmo utiliza a câmera para falar sobre alguns aspectos mais introspectivos do protagonista ou para falar sobre o caos à sua volta e o efeito desse caos sobre nosso protagonista.
A direção não sabe se quer seguir a ideia estética de filmes como os dos diretores dinamarqueses Thomas Vinterberg ou Lars Von Trier, com câmera na mão e cores completamente frias, ou se quer manter uma estética mais escura com algumas cores acentuadas como filmes que utilizam em certas cenas de tensão em baladas ou coisas do tipo.
“Oslo, 31 de Agosto” tenta ser um filme carregado de dramaticidade utilizando um tema que faz uma conexão aos adultos entre os 30 e 40 anos no mundo ocidental capitalista, onde não existe um prognóstico de esperança e alegria no futuro qualquer que seja a escolha de tal indivíduo.
Mas que acaba se resultando em apenas uma obra que força uma melancolia com diálogos existencialistas baratos e com um protagonista sem carisma e até mesmo pouco interessante para uma narrativa que exige um pouco mais do que expressões vazias contando a estória de um ex-viciado.
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