“Nosso Sonho” conta a história da dupla Claudinho e Buchecha(interpretados pelos atores Juan Paiva e Lucas Koka Penteado) desde seus momentos de infância, até a ascensão da dupla no auge do sucesso. Além de contar também a jornada de Buchecha lutando para sobreviver na pobreza e na sua relação com seu pai(interpretado por Nando Cunha), que é um artista frustrado e alcóolatra.
Claramente, para o espectador que viveu o momento de auge da dupla protagonista e viveu os anos 90 no Brasil, vai ter uma ligação muito mais próxima com a obra do que aqueles que nasceram depois e não conheceram a dupla quando ativos na mídia. Aquele que vos escreve, se encontra no segundo grupo. Pois o filme tem uma forte ligação com o sentimento de nostalgia daqueles que viveram o tempo citado a pouco.
A obra consegue se aproximar ao máximo de manter a medida certa da balança entre o drama e a comédia. Pois o filme, mesmo utilizando a nostalgia como uma forte ferramenta, ele não deixa de lado em desenvolver outros pontos que conseguem fisgar os espectadores que não viveram tal momento da dupla em atividade. O desenvolvimento da relação entre Claudinho e Buchecha é um dos pilares que faz o filme abraçar todos os espectadores independentes de suas vivências.
A direção consegue, em conjunto com as atuações dos atores protagonistas, fazer com que o espectador sinta uma forte empatia e um calor sentimental pela dupla a todo o momento da obra, mesmo sabendo o que acontece no final com o Claudinho. O espectador sempre está a espera de que tudo dê certo para ambos, e consegue sentir a felicidade e a melancolia que ambos estão expressando na tela.
É importante frisar que a figura de Claudinho no filme é desenvolvida quase como um ser angelical, já que existe um desenvolvimento pessoal muito mais profundo do personagem Buchecha, que colocava Claudinho como um “anjo da guarda” para tudo aquilo que fosse fazer. Esse desenvolvimento é aparente na narração de Bochecha, e até mesmo em muitos dos enquadramentos e figurinos.
Sobre os quesitos técnicos, a direção da obra não tenta se aventurar muito além do convencional, mesmo com algumas construções de iluminação em certos planos mais dramáticos. O filme também peca em ter uma cena que é EXPLICITAMENTE uma publicidade de um dos patrocinadores do filme. Cena que se torna completamente incomoda, pois é no começo da ascensão da dupla, quando Bochecha consegue comprar uma casa nova.
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“Nosso Sonho” também tenta ser uma jornada, não só da dupla, mas de perdão do personagem Bochecha com seu pai. Jornada que teve uma forte influência de Claudinho, que fazia de tudo para unir os dois de novo, até mesmo depois de sua partida.
É necessário apontar que o filme se mantém tênue por conta da atuação desses três personagens, pois a direção não desgruda deles em nenhum momento. Ao mesmo tempo que essa tática faz com que o filme funcione para agregar à todos os públicos, o mesmo fica responsável em não elaborar certos pontos cruciais como a jornada do trabalho da dupla na música. Jornada que é mostrada da forma mais “romântica” possível, mesmo apontando o drama da sobrevivência na pobreza extrema, até mesmo no preconceito minucioso em curtas cenas de Bochecha.
“Nosso Sonho” é uma singela homenagem à dupla Claudinho e Buchecha que consegue cativar à todos os públicos, aqueles que viveram tal época e aqueles que não, e que consegue ser um filme leve, mas sem deixar a dramaticidade dos fatos reais de lado. Mesmo o filme tendo uma visão utópica do sucesso da dupla de forma tão romantizada, é possível se emocionar e se cativar pela atuação da dupla protagonista que é o principal pilar do filme.
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