Dirigido por Beto Brant, em conjunto com a filha do protagonista, Camila, o longa “Pitanga”, traz a brilhante e extensa história de Antônio Pitanga, um dos principais nomes do Cinema Novo e pioneiro negro no cinema internacional. O longa de 110 minutos apresentará as diversas faces do mesmo, sendo artista, pai, amigo, torcedor e, principalmente, homem.
Com icônicas participações, como a de Hugo Carvana, Ney Latorraca e Chico Buarque, o documentário, além de homenagear a carreira do artista, mostra, de forma bem íntima e despretensiosa, sua trajetória com figuras ilustres do nosso país e suas ideologias sobre a história do mundo e a sociedade atual. Começando com uma cena de um de seus trabalhos, ainda em preto e branco, a obra de Brant, já busca infiltrar o público, aos poucos, nesse mundo tão colorido e vivo que é a vida de Antônio Pitanga.
Entre flashbacks de seus inúmeros projetos e suas conversas com ar de bastidores, é possível conhecer o protagonista e vivenciar, por meio de contos e risos, tudo o que foi visto e sentido nessa vida tão difícil, porém bonita, do “pãe” de Rocco e Camila Pitanga. Antônio conta suas experiências de colégio interno, como foi ser as duas referências familiares na vida de seus filhos e ainda conseguir ser um ator tão dedicado e expressivo, sempre levando todos a sua volta a se apaixonarem por esse homem galante. Com uma lábia inconfundível, conquistou o coração de muitos produtores e diretores, fazendo com que nos anos 60, sua participação nos filmes fosse quase que implorada.
Por mais que se esforçasse muito em todos os trabalhos que lhe foram propostos, Pitanga arranjava tempo para aprender de tudo: da capoeira até esgrima. Como a própria Bethânia disse, em uma das participações mais marcantes do longa, o colega era encapetado. Era lindo de se ver, com toda aquela leitura corporal. Não foi à toa que conquistou Bethânia, Zezé Motta, Vera Manhães e até mesmo seu companheiro Chico Buarque, mas, que escolheu se casar com Marieta Severo, brincou o compositor. Pitanga não precisava nem se esforçar, seu gingado e cara de pau eram nítidos e muito aprovados entre todos.Quanto a fotografia dessa obra prima, é viável apontar a incrível escolha visual. Seja durante o pôr do sol na Bahia, ou até mesmo em algum parque do Rio de Janeiro, tudo foi muito bem harmonizado com a espiritualidade do objeto de estudo. Sempre vestido com cores claras – exceto quando resolveu se vestir de malandro –, Pitanga transbordou tranquilidade e alegria. Sem necessitar de maquiagem para as filmagens, aparecia com a cara limpa, como se fosse um livro novo a ser lido.
E, mesmo que o tom fosse descontraído, o protagonista se mostrou ciente dos questionamentos históricos e atuais, dando suas opiniões a respeito, desde a educação e a falta de liberdade dada aos alunos, até mesmo sobre o sexo e a forma que os homens agem hoje em dia. Além disso, aparece como torcedor, respeitoso em relação aos demais times, mas, enfatizando o exemplo de história que o seu, Vasco da Gama, possui.
A autonomia dada a Pitanga é claramente vista, causando, em certos momentos, uma sensação de que o documentário duraria muito mais que duas horas. Afinal, como diria a neta Antônia, filha única de Camila: “O vovô fala bastante”. Contudo, mesmo com todos os pingos certos nos “is”, era possível fazer uma obra mais resumida.
Dessa forma, mesmo com a pequena ressalva de poder agrupar mais, a produção de Renato Ciasca, em parceria com Globo Filmes, define com maestria todos os pontos além de cruciais na vida de Pitanga, fazendo com que todos concordem com a citação final: “É, Pitanga, esse mundo é seu”.
“Pitanga” estreia dia 06 de abril nos cinemas. Confira o trailer abaixo:
https://youtu.be/qZlkqADKGmc
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