Filmes de romance seguem, normalmente, uma cartilha bastante rígida do gênero. Isso se dá ainda mais forte quando se trata de uma comédia romântica ou algum sub-gênero dentro da história de amor que acompanhamos. “Sol da Meia-Noite” é mais um dentro desse universo, é claro, e pretende adicionar um insólito elemento para o que apresenta. O que seria de uma protagonista que não pudesse, por motivos de saúde, ver a luz do sol? Somente sair durante a noite e, por conta disso, viver uma vida drasticamente diferente dos demais. Como uma adolescente que é, torna-se ainda uma questão mais problemática.
Apesar de alguma originalidade na premissa, “Sol da Meia-Noite” só consegue ser um terrível filme em quase todos os aspectos. Não chegaria nem a ser uma inofensiva comédia-romântica, pois faltaria sustância para que pudesse ao menos ser um filme medíocre. Seu roteiro é apelativo e quer arrancar lágrimas do espectador a todo custo, e faz isso com uma previsibilidade e um tom brega sem precedentes. Na curta duração do longa, sabemos exatamente por onde ele vai a todo o tempo, sem surpresas. Ainda se fazem presentes as conveniências de roteiro e atitudes estúpidas de alguns personagens. Alguns elementos como a mãe da protagonista são ainda colocados de qualquer jeito na intenção de emocionar a audiência, mas que nem se quer são trabalhados direito.
Se tratando em tentativa de emocionar, aliás, a trilha sonora original é genérica, repetitiva e didática. Em cenas tristes, a música é triste, e em cenas alegres, a música tenta elevar os ânimos. Pior que isso é ela reciclar temas e, ao invés de gerar identidade sonora a obra, fazer parecer que ouvimos a mesma faixa durante toda a projeção. Não apenas soa repetitivo como cansa e contribui para que o tom melodramático seja exacerbado. Além do mais, é uma trilha que toca constantemente, são raros os momentos de silêncio em “O Sol da Meia-Noite”.
O elenco, ademais, não ajuda em nada. São interpretações caricaturais e que derivam de personagens raros, mal explorados. Temos o esteriótipo do pai protetor, da melhor amiga, do garoto popular da escola e arquétipos similares de filmes americanos. Não há como nos envolvermos com eles ou mesmo acharmos que poderiam ser pessoas de verdade. Os diálogos existentes são artificiais e não entregam qualquer sinceridade, verdade que os realizadores poderiam trazer. Um comparativo da obra com outros outros produtos teens cairia bem para analisá-la, uma vez que ela possui caráter genérico. Ainda assim, deve ser avaliado na medida em que seu estilo pede.
Portanto, “O Sol da Meia-Noite” nada mais é que uma espécie de “Malhação” americana. Parece um filme originalmente pensado para a televisão, ou para formato de série teen da Netflix. É assistindo filmes como esse que damos mais valor para peças singulares como “500 Dias com Ela” ou a “Trilogia do Antes” de Richard Linklater. Em contraponto, são filmes muito originais, mas que usam também de clichês bem aplicados. “O Sol da Meia-Noite” não precisava ser revolucionário, porém poderia ter feito o básico, que infelizmente passa longe por aqui.
https://www.youtube.com/watch?v=bc1WWuC8WiE
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