É fato que a Disney se sentiu encurralada após perceber a reação que “Os Últimos Jedi” teve. Mesmo sendo obra muito sólida, destoava de “O Despertar da Força” em termos de ideias, de continuidade para a nova trilogia que se encontrava em curso. Justamente por isso também foi encarado com olhares muito negativos por parte dos fãs de Star Wars, em proporções até maiores do que se poderia imaginar. Tendo de volta o diretor J.J Abrams, como fica a conclusão dessa nova história? Como se encerram os causos envolvendo a família Skywalker?
O que vem, então, é “Ascensão Skywalker” como terceiro capítulo medíocre e insuficiente para a franquia. Seu principal problema é o roteiro, que vai se mostrando cada vez mais inchado de ideias e precisa sempre fechar diversos arcos narrativos anteriormente abertos. Por praticamente ignorar seu antecessor, filme do meio, há ainda mais trabalho de apagar aquilo que Rian Johnson concebeu enquanto visão para Star Wars. A maior ponte aqui é feita com “O Despertar da Força”, lançado em 2015 e também dirigido por Abrams. Tais fatos deixa, portanto, a trilogia muito inconstante e irregular. Nunca parece haver coesão nos rumos que são tomados. Na realidade, nem parece ter existido muito planejamento prévio em longo prazo para os novos filmes de um dos produtos mais famosos da cultura pop de todos os tempos.
Em alguns momentos, nota-se o esforço hercúleo feito por parte dos roteiristas para passar por cima daquilo que parte dos fãs não gostaram e entregar uma finalização mais palatável. É evidente que isso também envolve a presença de fanservices que, na verdade, não atrapalham sempre o desenrolar do longa. Mais grave do que as famosas piscadelas feitas em detalhes maiores ou menores, são os rumos tomados pela trama que apresentam inúmeros furos.
Apesar disso, nem tudo é fraco em “Ascensão Skywalker”. Há algumas sequências de ação bem realizadas, principalmente quando há relação com a Força, que são bonitas de serem assistidas e que existem em prol da narrativa ali contada. Em destaque, pode-se mencionar aquilo que envolve Rey e Kylo Ren que interagem fisicamente mesmo quando em locais diferentes, dado a partir de um eficiente jogo estabelecido pela montagem. A gama de poderes apresentados pelos dois também é criativa e mostra diferentes caminhos já conhecidos pelo público.
Boas ideias parecem dar a cara vez ou outra, embora nunca sejam bem desenvolvidas. A temática que cerca esse episódio envolve livre arbítrio, a escolha de poder seguir diversos. E como esse poder de escolha é relevador a respeito da personalidade de quem escolhe, e de como se dá o contraste disso com um suposto fatalismo trazido pelas suas origens. Em teoria, esse tipo de viés poderia ter trazido bons frutos, o que passa longe de existir em tela.
J.J Abrams parece ter sido exatamente o tipo de diretor que a Disney precisava. Emula a mão autoral de grandes cineastas consagrados, tem apelo nostálgico e segue os rumos determinados pelo estúdio sem muito questionar. “A Ascensão Skywalker” poderia, deveria ter sido muito mais. Se contentar com o medíocre não deveria ser o caminho tomado ao universo criado por George Lucas, mas é o que acabou sendo feito. É corrido e tenta agradar a todo custo, e faz isso durante a projeção inteira.
Imagens e Vídeo: Divulgação/Walt Disney Studios/LucasFilm
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