O filme “Transformers: O Despertar das Feras” encheu os fãs de esperança na recuperação do bom caminho da franquia, principalmente porque foi anunciado como um soft reboot a partir do excelente spinoff “Bumblebee”, lançado em 2018. No entanto, o filme repete erros que já foram muito criticados em filmes anteriores. E o resultado é um filme longo, arrastado e incapaz de atingir seu público-alvo, que são as crianças e os adolescentes. Confira a seguir a crítica com spoilers:
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Quando o spinoff “Bumblebee” foi anunciado, o público já havia abandonado a franquia depois das desastrosas sequências “Transformers – A Era da Extinção” e “Transformers – O Último Cavaleiro”. Mas o filme surpreendeu, conquistando público e crítica com uma proposta simples e objetiva, com direção de Michael Bay. Mas infelizmente, “Transformers: O Despertar das Feras” parece ter dado 10 passos para trás, principalmente em relação ao roteiro e a direção.
O time de roteiristas do filme liderado por Joby Harold peca pela falta de criatividade e péssimas decisões, ignorando uma sequência de filmes que se passam depois desse. No início, parece um filme de origem dos personagens novos – os Maximals e os Primals – que estão em busca do artefato capaz de dar o controle do universo aos Maximals, mas que também é capaz de levar os Autobots da Terra de volta para casa. Todos nós já sabemos que isso não acontece, ou seja, uma trama nada surpreendente. Outra decisão terrível é a de “matar” Bumblebee, um personagem que aparece em todos os filmes da franquia, que acontecem depois de “O Despertar das Feras” na linha do tempo. Certamente ninguém vai chorar por ele, já sabendo o que aconteceu.
Roteiro ruim limita as ações do elenco
No núcleo humano do filme, as histórias são mais do mesmo. Noah, interpretado por Anthony Ramos, é um ex-soldado buscando um emprego para ajudar a pagar o tratamento de saúde do irmão (Dean Scott Vazquez). Ao aceitar roubar um carro, que na verdade é o Autobot Mirage, encontra Elena (Dominique Fishback) uma brilhante estagiária do Museu que investiga o artefato. Está construída a clássica jornada do herói de Noah, carregada de diálogos mornos e longas peregrinações atrás da outra metade do objeto. Para finalizar, o show de horrores se completa com referências quase incompreensíveis para o público mais jovem.
Com um roteiro tão ruim, o elenco fica de mãos atadas e pouco pode fazer para tentar salvar o longa. Quem consegue colocar um pouco mais de personalidade em cena é Dominique Fishback. Ela está excelente como uma jovem preta inteligente e esforçada, que embarca numa aventura para finalmente conquistar reconhecimento.
A dublagem brasileira dos Autobots, dirigida pelo experiente Wendel Bezerra, não convence. Os atores Douglas Silva como Mirage e Fernanda Paes Leme como Arcee não conseguem entregar o carisma que os robôs da franquia costumam ter. Como destaque positivo, somente a intérprete de Airazor e de Optimus Prime, a cargo do experiente dublador Guilherme Briggs.
Direção é pouco inspirada
A direção de Steven Caple Jr. é pouco inspirada. O que temos é um filme longo, que embora tenha algumas boas cenas de ação no início, tem problemas de ritmo e diálogos vazios. Quando a trama se desenrola no Peru, temos um ótimo trabalho de design de produção que realça bem a beleza do lugar. Mas o entusiasmo com uma batalha final épica é frustrado com uma cópia da cena final de “Vingadores: Ultimato”.
Inspiradora nesse longa, apenas a escolha de um elenco protagonizado por não-brancos. Também é interessante não ter romance entre os personagens principais, um clichê em filmes do gênero, que felizmente deixaram de lado. Além disso, é preciso elogiar a belíssima trilha sonora, recheada do melhor hip hop do final dos anos 1980 e início dos anos 1990.
Por fim, “Transformers: Despertar das Feras” é um filme pouco inspirado, longo e com um roteiro muito fraco. O estúdio desperdiçou uma ótima oportunidade de recomeçar seguindo o bom caminho trilhado por “Bumblebee”. E a julgar pela primeira cena pós-crédito (o filme tem duas), uma proposta bizarra de crossover com outra franquia pode estar a caminho. Mas vamos deixar você se surpreender com isso.
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