Histórias de amor são clássicas no cinema. Faz muito tempo que nos emocionamos com os corações apaixonados exibidos nas telas grandes. Contudo, é ainda melhor quando velhinhos simpáticos são adicionados ao contexto. Esse é o caso de “O Último Ônibus”, filme britânico que usa e abusa de clichês, mas que consegue, com o seu velhinho vivido por um expressivo Timothy Spall, encantar. O veterano ator faz Tom, que tem a missão de voltar à sua cidade natal após ficar viúvo. Para tanto, ele fará uma viagem de mais de 1000 quilômetros apenas usando ônibus.
O interessante nesse road movie dirigido por Gillies MacKinnon é que o protagonista troca constantemente de ônibus, com várias paradas. Cada um só o leva até um destino específico. São nessas mudanças que ele vai conhecendo figuras diversas em um país que há muito esqueceu. Cada uma dessas pessoas se torna um obstáculo em sua jornada, ao mesmo tempo que o fazem vivenciar seu passado com a mulher que ama. Claro que não há nada de novo nessa dinâmica, já que ela é comum no gênero. No entanto, o clima leve proporcionado por esses momentos deixa o filme agradável de se ver.
É por isso, portanto, que “O Último Ônibus” serve como acalento para aqueles que sentem estar cercados pelas desgraças de uma terra obscura. O roteiro até mostra a negatividade do mundo através de alguns personagens que Tom enfrenta, como um valentão que ofende e agride uma muçulmana durante o segundo ato, mas acerta ao mostrar, na figura de seu protagonista, como ainda há mais bondade no ser humano do que trevas. O único problema é que algumas dessas situações são tão formulaicas que fazem com que a mensagem perca a força.
O que nunca perde a força, contudo, é a atuação de Spall, que tem 66 anos e interpreta um homem na casa dos 80. Sua expressão sempre cansada, o corpo arqueado e o andar lento e cheio de dificuldades conseguiram me convencer de que ali há um octogenário. É impressionante a habilidade do ator em fazer com que sintamos que ele carrega o mundo nas costas e que seu objetivo é mais importante que a sua própria vida. A direção de MacKinnon ajuda nessa sensação quando sobrepõe o rosto cansado de Tom com o mapa onde está traçado todo o caminho a percorrer. É impossível não pensar que ele não vai conseguir chegar ao destino.
Todos esses pontos fazem de “O Último Ônibus” um bom feel-good movie, que pode não ser tão cheio de originalidade, mas que possui boas intenções. E hoje precisamos de mais filmes que louvam o lado bom de viver, mesmo que, por vezes, seja difícil escapar das agruras presentes durante a jornada. Tom mostra o caminho para nós, espectadores, e agora cabe a nós levantarmos das cadeiras dos cinemas ou dos sofás e tentar seguir o mesmo caminho que ele.
Obs.: É certo que, após a sessão, você vai sentir uma grande vontade de fazer uma extensa viagem de ônibus pelo interior e vai repensar suas atitudes no transporte público.
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