Muito tem se falado sobre Leonard Cohen após sua morte, ocorrida no dia 7 de novembro. Entretanto, a relação que ele tinha com a arte como um todo, o que perpassava sua dedicação à música e à literatura, não foi suficientemente explicitada.
Nascido em Montreal em 1934, Cohen foi atormentado pela depressão desde os 9 anos de idade, quando seu pai faleceu. Uma de suas principais formas de escape era a escrita, especialmente a poesia, marcadamente influenciada por poetas como Garcia Lorca.
Cohen foi um daqueles artistas completos, muito homenageado através de incontáveis versões de suas músicas, prêmios honorários e mencionado como influência de ícones como Kurt Cobain, Jeff Buckley e Bono Vox. Quando Bob Dylan estourou no fim dos anos 60, Cohen já havia publicado dois livros, inclusive o aclamado criticamente Beautiful Losers (1966).
Como a maioria dos grandes artistas que tocam profundamente a alma, Cohen explorou outros campos artísticos e produziu litografias e ilustrações, especialmente retratos e rabiscos de pessoas, a maioria realizada após a turnê europeia de 1988.
O amor de Cohen às artes plásticas poderia tanto ser causa quanto consequência da relação sinestésica que sua poesia evoca. Jamais saberemos, mas o belíssimo livro Dance Me to the End of Love, lançado como parte de uma coleção intitulada Art & Poetry pela Welcome Books, comprova a forte ligação entre pintura e a música de Cohen.
O livro, que completou 10 anos de lançamento em agosto deste ano, conta apenas com ilustrações do artista francês Henri Matisse (31/12/1869 – 3/11/1954) que dialogam com os versos da música Dance me to the End of Love, de Cohen, um ode ao amor romântico, sensual, ardente, infinito em todo seu poder de resiliência.
Um amor como aquele que o próprio Cohen experimentou pela musa norueguesa Marianne Ihlen (18 May 1935 – 28 July 2016), até o fim de sua vida. Mesmo após a separação, o sentimento continuou até o fim, como prova a belíssima carta de despedida que deixou à sua “velha amiga”: “Sabes que sempre amei você pela tua beleza e sabedoria, mas não preciso dizer mais nada porque sabes tudo sobre isso. Agora, só quero te desejar uma boa viagem. Adeus, velha amiga. Amor sem fim, vemo-nos no fim da estrada”, teria escrito, segundo contou Jan Christian Mollestad, amigo de Cohen, à rádio canadense CBC.
Na letra da canção, os versos eternos “dance comigo por sua beleza, ao som de um violino ardente / dance comigo através do pânico e até eu estar em segurança / toque-me com sua mão nua ou me toque com sua luva / dance comigo até o fim do amor”, em tradução livre.
Um item obrigatório aos amantes da obra de Cohen, de arte e de música de qualidade.
Por Thais Isel
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