Era uma vez um Castelo no meio da cidade de São Paulo. Seus moradores eram dois bruxos adultos e um menino bruxo, que sempre eram visitados por 3 crianças humanas. Dentro do Castelo, vivia uma cobra, um gato, passarinhos, fadas e diversas outras criaturas. Havia ainda um trambiqueiro que morria de vontade de ter o lugar só pra ele, uma repórter muito espalhafatosa, um ET que ia visitá-los quase sempre, e um rato que tomava banho. O nome desse lugar era Castelo Rá-Tim-Bum.
A premissa do programa era singela e lúdica. Castelo Rá-Tim-Bum, foi um dos shows de maior audiência da Tv Cultura dos anos 90. Simples, entretanto inteligente e divertido, ele ensinava ao mesmo tempo que cumpria seu objetivo: entreter. Os personagens eram um mais memorável que o outro, e uniam-se a proposta do programa.
Nino era um bruxo de 300 anos, carente que queria muito ter amigos. Ele usa um pequeno feitiço para fazer Biba, Pedro e Zequinha irem até o Castelo e lá eles ficam inseparáveis. Dentro desse universo, eles criam uma amizade verdadeira e muito sensível a cada um. Nino é o anfitrião, e acaba apresentando para todos tudo que há sobre seu lar, seus tios ou o mundo encantado em que vive.
Lá ainda temos a visita de vários seres ilustres, como ETValdo, que como o próprio nome diz é um ET, a repórter investigativa-curiosa Penélope, uma figura excêntrica que se veste apenas de rosa, Bongô, um entregador de pizza que morre de medo da tia de Nino, a Morgana. Ainda tinha a Caipora, baseada no folclore brasileiro e que contava lendas das matas. Esses personagens surgiram em uma época que não havia espaço na TV para pessoas que não se encaixavam.
Provavelmente, hoje o programa sofreria com um certo desdenho. Bruxos, feitiços, mesmo quando são histórias lúdicas, criativas e inocentes, muita gente torce o nariz apenas por causa do que acreditam ser uma maldição. Triste, uma vez que o que falta para nossas crianças é justamente o que a Tv Cultura tinha a oferecer com esse programa. Dentro dele você via sobre aceitação, diversidade, tolerância, respeito. Eles estimulavam a ler livros, poemas, ouvir músicas, conhecer outras culturas. De maneira divertida, explicavam sobre porque tomar banho, escovar dentes, lavar as mãos, comer frutas, verduras e coisas assim.
Várias das musiquinhas, tipo “lava uma, lava a outra: mão! Lava uma, lava a outra”, ou ainda: “meu pé, meu querido pé, que me aguenta o dia inteiro!” podem não ter ido para as rádios, mas se você ouvir é bem provável que irá cantar ou cantarolar a canção. Elas estarão lá no seu subconsciente, guardada no mesmo lugar que o Dr. Victor guardava suas imprecações mais tenebrosas, mas, apenas dizia: raios e trovões!
Apenas posso dizer que houve uma frustração quando descobri que o primeiro rato que vi não dirigia um carro, ou, que nunca soube assoviar para trazer a Caipora e que, também, não posso morar junto com o ETValdo lá nas estrelas, mas, sou da geração que parava tudo que estava fazendo com apenas a musiquinha que dizia: Bum Bum Bum, o Castelo Rá-Tim-Bum!
Observação: O ator que fez ETValdo, Wagner Bello, mora junto com ele. Bello faleceu pouco tempo depois de se tornar conhecido pelo personagem. Como homenagem, no capítulo seguinte ao último que esteve, a irmã de ETValdo apareceu e disse que ele foi morar com as estrelas.
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