Deus é um showman de arrancar gargalhadas
Depois de passar por diversas cidades brasileiras, o espetáculo GOD estreou em São Paulo no fim de novembro e segue temporada em 2017 no Teatro Procópio Ferreira. Estrelada por Miguel Falabella, God é uma comédia da Broadway com produção brasileira nas mãos de Sandro Chaim.
No espetáculo, cansado dos Dez Mandamentos e de toda a incerteza que eles vêm gerando à humanidade, Deus toma forma através de Miguel Falabella para propor novas leis e esclarecer qualquer mal-entendido a seu respeito.
Em cena, ele responde a algumas das questões que têm atormentado a humanidade. De uma forma muito particular, o Deus de Miguel Falabella vem para arrancar muitas risadas do público e desvendar os maiores segredos do universo.
O texto de David Javerbaum mostra um Deus bem humorado que afirma que deveria estar em crise com os acontecimentos na terra:
“Eu devia fazer terapia, tomar tarja preta, porque há algo de muito errado comigo”, afirma em cena o Deus de Falabella.
Cansado das mazelas de sua própria criação, decide vir à Terra para tentar esclarecer de uma vez por todas alguns mal-entendidos. No Brasil, o Todo Poderoso escolhe a figura de Miguel Falabella “para que a sua mensagem chegue com mais clareza”, afirma Ele. Deus diz ter dotado Miguel de um carisma avassalador, uma personalidade e um sorriso cativantes justamente para isso. Além de protagonizar, Falabella assina a direção e a adaptação brasileira do espetáculo.
A montagem original na Broadway, “An Act of God”, tinha o ator Jim Parsons (o Sheldon da série “The Big Bang Theory”) no papel principal. O autor do espetáculo, David Javerbaum, foi roteirista do humorístico “The Daily Show with Jon Stewart” por 11 anos e hoje produz o “The Late Late Show with James Corden”.
Twitter celeste
A ideia surgiu no Twitter. David Javerbaum criou em 2010 a conta @TheTweetOfGod (hoje desativada), e começou a brincar de Deus, fazendo comentários como se fosse o a divindade. No ano seguinte os textos viraram livro, “The Last Testament: A Memoir by God” (o último testamento: uma memória de Deus), e depois o autor resolveu adapta-lo para o teatro. Esta foi a primeira obra convertida de uma conta do Twitter para Broadway.
Na ocasião, em entrevista ao The New York Times, Javerbaum disse ter encontrado no Todo Poderoso uma figura que teria propriedade para falar de qualquer assunto sem entristecer o público.
De fato, a peça não trata de polêmicas ou de religião. Deus seria apenas uma desculpa para discutir como os humanos estão se destruindo. Apesar disso, na montagem brasileira, Miguel não deixa de fora a eleição de Donald Trump à Presidência dos EUA ou outras situações da atual política brasileira, sem mergulhar a fundo neste assunto. O texto também faz críticas à histeria e ao individualismo excessivo. Acompanhado de dois anjos fiéis, Miguel (Magno Bandarz) e Gabriel (Elder Gattely), Deus decide rever os seus Dez Mandamentos e traçar um paralelo entre algumas passagens da Bíblia e o nosso mundo contemporâneo.
Com elenco pequeno e cenário simples, o espetáculo é um programa divertido e é gargalhada certa para quem gosta da comédia popular, porém com sacadas inteligentes e críticas certeiras, bem ao estilo de Miguel Falabella. Vemos em cena o próprio Miguel que há tempos conhecemos, porém o carisma do ator envolve a platéia e ele, um showman natural, domina o palco com maestria numa atuação despretensiosa e despojada a la Caco Antibes, do programa global “Sai de Baixo”.
Por Thiago Pach
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