Mais um filme do monsterverse da Warner Bros. em associação com a Legendary Pictures chega aos cinemas, trazendo os dois monstros ou se preferir a forma mais purista, Kaijus, mais populares de todos os tempos: King Kong e Godzilla.
Tratando-se da continuação direta do filme anterior onde essas verdadeiras entidades se encontraram, a produção traz os dois protagonistas em momentos bem distintos.
Godzilla já está, por assim dizer, inserido em nossa sociedade – tanto é que seu “cercadinho”, ou “caminha de pet”, para dormir é simplesmente o Coliseu em uma cena impressionante e, de certa forma, cômica. E sempre que um outro monstro desavisado surge, lá vai ele com sua sanha destruidora caçar a infeliz criatura.
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Enquanto Kong está na Terra Oca, que se tornou seu habitat natural descoberto e ainda pouco explorado pelos cientistas no filme anterior, deprimido por estar só e até tratado de uma dor do dente e da queimadura de um braço (Como? Só vendo, sem spoilers!), em “Godzilla – Minus One” vemos a verdadeira ameaça que é um titã caminhando entre nós.
A título de comparação, o orçamento deste filme é de U$ 135 milhões fora o marketing, ao passo que “Godzilla Minus One”, o filme japonês do lagarto atômico, custou entre U$ 10 a U$ 15 milhões e ganhou o último Oscar de Efeitos Visuais. Esse dado é para comparar a diferença de perspectiva e proporção dos filmes, “Godzilla e Kong” dos americanos traz a antropomorfização (características humanas) dos famosos monstros.
Em filmes desse tipo, geralmente, o arco humano é o que menos importa, deixando-os como dicionários para contextualizar as situações, explicar as “ciências de mentirinha”, descrevendo o que os próprios monstros estão fazendo e “pensando” – além de não serem minimamente interessantes. Isso acontece em partes nesse longa, que antecipa ou explica exatamente o que os titãs performam na tela.
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Nesse aspecto a regra show, don’t tell (mostre, não conte ou fale) poderia ter sido muito melhor empregada aqui, pois o filme é bem didático nas suas intenções e o diretor Adam Wingard, infelizmente, abriu mão do tom relativamente sóbrio de “Kong – A Ilha da Caveira”, para entregar o que a audiência parece realmente querer, luta entre monstros. E esse tem várias, com um CGI muito bom e criaturas gigantescas.
Então qual o problema?
Falta peso nas ações dos titãs, falta explicar porque depois de tantos anos a organização Monarch não construiu ou providenciou um alarme que anuncie a chegada dos monstros?
E já que eles estão sendo constantemente vigiados e catalogados no planeta, porque não há abrigos ou bunkers para proteção de seres humanos em cidades como Roma, Cairo, Rio de Janeiro e demais centros urbanos com alta concentração de pessoas como, por exemplo, no filme “Pacific Rim” de Guilhermo Del Toro?
Alguns dirão, e com razão: ah, mas é um filme de monstro, quem liga para consequências com os humanos?
Novamente mencionando ”Godzilla Minus One”, o filme faz isso de forma orgânica e traz uma dramaticidade relevante e impressionante, levando os humanos encarregados e o restante das vítimas a pensar o que fizeram para merecer esse flagelo, como lutar contra uma força da natureza tão selvagem e como evitar isso em um futuro próximo.
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Não precisa ser algo muito complexo, mas se for para incluir humanos, que eles sejam relevantes e não simples tradutores da linguagem corporal das criaturas. E tudo bem o filme diverte, os dois titãs lutando em conjunto é sempre uma alegria, mas poderia se valer de outros aspectos ao invés de se tornar uma grande destruição sem que haja o mínimo de gravidade.
Quanto ao novo vilão, o rei Gorila Skar, esse tem o mínimo de desenvolvimento, mas é pouco comparando que ele tem que enfrentar as maiores forças da natureza que já existiram (Godzilla, Kong e uma convidada surpresa) e na sua primeira aparição com um pouco de atenção, se percebe que ele não será uma grande ameaça, mesmo tendo ao seu lado um aliado a lá “Como Treinar Seu Dragão”.
Quantos aos dois protagonistas monstruosos, estão para usar um termo bem atual, “Nutella” ou “Gourmet”, e, parecem pets dos humanos…
Um mais comedido e “educadinho”, o outro mais selvagem como um pitbull mal criado claro, atingindo um mínimo de consciência quando a situação requer. O problema é que eles, realmente, são mostrados como animais de estimação e não criaturas gigantescas que podem a qualquer momento, eliminar todos os humanos do planeta.
Enquanto um aplica nas lutas alguns golpes de MMA, outro segue sendo uma força destruidora por natureza, mas que vez ou outra até dá o que parece ser aceno humano ao companheiro de batalha.
Sinal dos tempos, mas é o que o povo gosta, baseada nas previsões de bilheteria mundial no primeiro fim de semana de estreia e nas notas do público em agregadores de críticas.
E ok, tem espaço para todo mundo, só não pode esquecer que dá para fazer melhor, bem melhor.
O próprio “Kong – A Ilha da Caveira” e “Godzilla Minus One” estão aí para provar.
Imagens e Vídeo: Divulgação/Warner Bros. Discovery
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