Gravadora, você precisa disso mesmo?

O que significa sucesso para você? Estar em tour fazendo shows, vendo Posters da sua banda pelas ruas, tocar em grandes palcos, grandes audiências….

Você quer assinar com uma gravadora? Provavelmente a maioria dos artistas responderiam que para conseguir a atenção das pessoas, estar no palco fazendo shows, ter sua música no rádio, na televisão “você precisa assinar com uma gravadora ou um selo”.

De onde você tira essa ideia? Ué, é assim que os grandes artistas fazem, as grandes bandas… Ok, eles também cometem muitos erros, afinal quando você tem 18 anos com certeza irá cometer muitos erros e se envolver em vários problemas. Este é o modelo que os artistas mais novos seguem: “monto uma banda ou sou um artista solo”, “tenho que assinar com uma gravadora porque eles possuem o network”, “o dinheiro necessário para a minha música ser sucesso na mídia”, “vou fazer grandes shows”, “preciso aparecer para um monte de gente”, “minha música vai estar no radio”, e é assim que começa o suicídio do artista!

Muitos pensam da seguinte maneira: “eu assino com uma gravadora e depois a gente vê como resolve”.

Você provavelmente já ouviu falar de John Bonham, 200 milhões de cópias vendidas, morreu de alcoolismo, Dee Dee Ramone, 16 milhões de cópias vendidas, morreu de overdose com heroína, Bon Scott, 45 milhões de cópias, morreu de alcoolismo, Kurt Cobain, 50 milhões de cópias vendidas, cometeu suicídio, Brad Delp 31 milhões de cópias vendidas, cometeu suicídio, Janis Joplin, Jimi Hendrix…e por aí vai.

Qual é o jogo? “Sexo, drogas e Rock ‘n Roll”, neste estatuto do artista não existe “dinheiro” então se eles não se preocupam com o que importa, alguém com certeza, irá.

Um modelo tradicional de contrato de gravadora funciona basicamente assim:

A gravadora dá um adiantamento para o artista gravar o seu disco, ele grava um álbum, vamos supor que o mesmo venda 10.000 mil cópias por 10 reais cada um, faturou então R$ 100.000,00 cem mil reais. Então, a gravadora normalmente fica com 85% do total das vendas, deixando para o artista R$ 15.000,00. Mas antes que o artista coloque a mão nesse dinheiro, a gravadora debita o advance de por exemplo R$ 5.000,00, sobram R$ 10.000,00, mas ainda assim, são deduzidos outros custos, sendo esses de: gravação, R$ 30.000,00, metade dos custos de promoção, R$ 75.000,00, metade dos custo de produção dos videos R$ 30.000,00 e custos de suporte de turnê R$ 25.000,00, isso deixa para o artista um saldo de –R$45.000,00.

E aí o artista pega um novo adiantamento para o próximo álbum, R$ 25.000,00, deixando um saldo devedor de –R$ 85.000,00 e o próximo álbum – R$ 125.000,00 e o próximo –R$ 170.000,00.

Na prática este é um jogo onde o artista acredita que pode comprar um bilhete premiado, mas nunca ganha, sempre será a gravadora, editora, distribuidora que irão ganhar, afinal é ele que não se preocupa com o dinheiro, então alguém irá ganhar.

A boa notícia é que, hoje, os artistas tem a opção de não serem dependentes de gravadoras ou selos, existe a opção de ser independente, você pode vender suas músicas diretamente aos seus fãs, quer seja por download, streaming, sua música pode ser sincronizada em filmes, muitas produtoras de conteúdo para TV e cinema preferem negociar com artistas independentes, por isso exigem muito menos burocracia e torna o processo muito mais rápido. Os licenciamentos podem variar de R$ 500,00 a R$ 5.000,00 nestes casos, e o melhor de tudo, pagos diretamente ao artista, sem contar nos direitos autorais de veiculação pública que são recolhidos cada vez que o filme ou a série toca no cinema, na tv aberta ou fechada.

Por Claudio Girardi