Para muitos, o Brasil – e mais especificamente o Rio de Janeiro – é celeiro de talentos do samba, do pagode, do funk, sertanejo. A frase não é exatamente uma mentira, mas esse fim de semana o metal nacional provou que ainda vive e que tomaria conta de um dos maiores redutos do samba na cidade: o Terreirão do Samba estava transformado pela galera de camiseta preta, cabelos longos e muito couro. As guitarras distorcidas, baterias velozes e muita roda transformavam o fim de semana no coração da Cidade do Rio de Janeiro. Acontecia, no primeiro sábado e domingo de novembro, a primeira edição do festival Hell in Rio.
Primeiro dia do evento – Sábado, 5 de novembro
Remember, remember, the fifth of November. Motivos não faltariam para lembrar desse dia! Os portões abriram, no sábado, por volta das 16h. Iniciando o espetáculo, estava a banda Reckoning Hour, que mostrou seu som veloz e competente. O público ainda chegava ao Terreirão e a chuva não dava trégua. Mas ela não atrapalhou, já que a banda mostrou competência no palco e executou muito bem suas músicas, empolgando os ainda poucos presentes – que portavam capas de chuvas e se abrigavam nas marquises laterais.
Após um breve intervalo para a montagem, aparecia no palco o Perc3ption. A banda já havia recebido críticas positivas de seu novo álbum e demonstrou animação e competência nos vocais agudos e beleza das canções (todas em inglês). Posso até mesmo arriscar pedir que guardem esse nome, que ainda vai despontar para além do underground.
Na sequência, os ex-Garotos Podres e agora O Satânico Dr. Mao e os Espiões Secretos subiram ao palco. Com letras de contestação e muito sarcasmo, a banda trouxe clássicos da antiga, como Nasci pra ser selvagem e Papai Noel filho da p*. Mesmo com a qualidade do som deixando a desejar (com muita microfonia e oscilações), Dr. Mao animou os presentes que se (des)organizavam em rodas punks. A banda foi bastante aplaudida ao fim e deixou o palco sob gritos de ofensas a políticos como o deputado Jair Bolsonaro.
Ainda mantendo a empolgação deixada pelo Dr. Mao, subiu ao palco a banda Oitão, liderada pelo chef Henrique Fogaça. A pesada Tiro na rótula animou bastante a galera que agora comemorava a ausência da chuva e fazia uma roda punk ainda maior. Cheio daquele carisma questionável que só os roqueiros têm, Fogaça anunciou um cover de Vida Ruim, dos Ratos de Porão (que poderia, inclusive, ser uma das atrações do festival) e foram bastante aplaudidos. Ao término do show, Fogaça tirou fotos no meio do público e assistiu às outras apresentações.
A noite já caía quando o Claustrofobia subiu ao palco. Divulgando seu novo álbum, Download Hatred, a banda era veloz e foi bem recebida pelo público. Muitos fãs com a camiseta da banda cantavam as músicas, faziam roda e ignoravam a chuva que voltava a cair. Explorando muito as alavancas, a banda de São Paulo mostrava porque é uma das maiores do Death/Thrash Metal underground nacional, com verdadeiras pérolas como Pinu da Granada e Metal Maloka.
Nos intervalos, foi impossível ignorar a presença de Bruno Sutter, muito alinhado com a galera e fazendo piadas autorreferenciais, sobre as bandas e com a chuva. Golaço da organização do evento lembrar do eterno Detonator como um showman para animar a galera.
Os gaúchos do Hibria subiram ao palco sem chuva e trazendo suas maiores músicas. O público retribuía a atenção do vocalista Iuri Samson, que interagiu muito com a galera. a banda, que comemora 20 anos de carreira, trouxe grandes sons como Blinded by Faith e Shoot me Down.
Depois de uma demora um pouco maior na montagem (cerca de 35 minutos desde o momento em que o Hibria deixou o palco), os capixabas do Dead Fish iniciaram seu show, sob aplausos e vaias. A banda dividiu opiniões – e rebatia com ironia as ofensas de alguns que estavam na plateia – com letras de contestação e críticas à tevê aberta e a políticos, de Sarney a Crivella.
Eram 23h05 quando o Almah subiu ao palco do Hell in Rio, enquanto caía uma chuva bem fina. Ao fundo da tela, a capa do novo álbum, E.V.O, recém-lançado em setembro. O show abriu com Age of Aquarius em versão original e Edu Falaschi entrou apenas para cantar o coro ao vivo. Grande maneira de começar um show! A banda mandou clássicos do Angra como Heroes of Sand e Nova Era – esta com Edu e Fábio Lione, atual vocalista do Angra, dividindo os vocais.
Na guitarra, a técnica e simpatia de Marcelo Barbosa ficavam evidentes a cada música, especialmente nas novas do Almah como a rápida Believer. O solo de bateria de Pedro Tinello foi um diferencial do show da banda, que, desta vez, deu apenas uma curtíssima palhinha de Pegasus Fantasy, a pedido de fãs – como não poderia faltar.
Para fechar a noite com chave de ouro, o Sepultura subiu ao palco, reunindo as centenas de fãs que o aguardavam e não decepcionou. Com um setlist coeso, a fim de otimizar o tempo de apresentação, a banda comemora 30 anos de história representando muito bem o metal brasileiro. Os fãs, exaustos e realizados após roda dupla e tantas horas em pé, saíam do Terreirão do Samba extremamente felizes e satisfeitos após o primeiro dia. E o melhor de tudo: sabendo que no dia seguinte haveria muito mais.
Por Thais Isel
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Evento sensacional! Tem muita banda boa no metal nacional!!!
Evento sensacional mesmo!
Thais parabéns pela matéria, e obrigado pelo apoio!! Grande abraço!
Arrasaram, galera! Espero revê-los no RJ em breve!