Horror Gore com Sydney Sweeney Alcança Seus Propósitos
“Imaculada”, obra estrelada e produzida por Sydney Sweeney, uma das estrelas do momento em Hollywood, é um desses filmes de terror repletos de sequências macabras imersas em sangue. Assim, trata-se de uma abordagem já explorada no passado por outras obras do gênero, o que torna o longa-metragem dirigido por Michael Mohan menos surpreendente ou inovador. No entanto, é digno de nota a coragem do roteiro, concebido por Andrew Lobel, ao abordar temas sensíveis como religião, fé e a percepção que a Igreja Católica tem das mulheres, especialmente em uma produção que, apesar de independente, visa o mercado comercial.
A trama gira em torno da noviça norte-americana Cecilia (Sweeney), que recebe um convite para ingressar em um convento na Itália dedicado ao cuidado de freiras no final de suas vidas. Cecilia aceita o convite de bom grado, uma vez que a igreja à qual pertencia nos EUA fechou, e ela busca fugir dos traumas resultantes de um incidente quase fatal em sua infância. Ao chegar, ela se encanta com a beleza das instalações e é recebida como uma mensageira divina que trará luz ao local. No entanto, todas essas boas-vindas desaparecem quando os planos dos superiores eclesiásticos vêm à tona, e a jovem se vê obrigada a lutar pela própria vida. Revelar mais do enredo comprometeria a experiência de quem assistirá ao filme.
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De fato, “Imaculada” submete sua protagonista a extremos para que o espectador perceba o quão devastadora pode ser a devoção cega a um Deus ou o fanatismo religioso, o que se aplica não apenas à vertente católica, mas a todas as ramificações do Cristianismo. Para ilustrar esse sofrimento, o sangue permeia as cenas capturadas pelas lentes, enquanto Sweeney se empenha ao máximo para que sua interpretação da noviça seja convincente. É impressionante observar a habilidade da atriz em dar vida a personagens dilacerados, e aqui ela parece atingir o ápice, já que Cecilia é destroçada tanto psicologicamente, quanto fisicamente. Assim, a jovem atriz entrega momentos de choro e gritos em intensidade máxima durante cenas específicas e prolongadas. A tensão surge desses gritos e da violência, esta última servindo como um lembrete de que, mesmo nos recintos religiosos, supostamente os mais próximos a Deus, o papel feminino é reduzido a mero instrumento de procriação e subserviência, após o qual perde sua utilidade.
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Com esse subtexto inserido no gore, “Imaculada” consegue suscitar reflexão, repulsa e até mesmo entretenimento, uma vez que apresenta momentos de humor inseridos de forma sutil no texto e nas expressões da protagonista, contrastando com o sombrio ambiente que a cerca, e que é exacerbado pela fotografia que confere um aspecto sombrio mesmo a cenas diurnas e a locais ao ar livre. É como se uma aura obscura envolvesse tudo o que cerca a desafortunada noviça, enquanto ela, após as provações pelas quais passou, olha para o mundo e, desafiante, diz “foda-se” o Deus venerado pela igreja assassina. Em outras palavras, como mencionado anteriormente, ela trouxe luz ao convento, mas este já possuía sua própria, a de Lúcifer, o anjo caído, o portador da luz.
O filme estreia em 30 de maio de 2024 no Brasil.
Imagem Destacada: Divulgação/Diamond Films Brasil
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