Jay Kelly é evidentemente sobre George Clooney
Quem frequenta salas de cinema nos últimos anos já percebeu que Hollywood tem predileção por se autorreferenciar, e que inúmeras produções sobre os bastidores da indústria foram realizadas, especialmente aquelas que retratam a trajetória de astros e estrelas do passado. Em “Jay Kelly”, a proposta segue essa mesma linha, embora o protagonista seja fictício — ao menos em parte — já que há evidentes traços biográficos inspirados no protagonista George Clooney.
O longa dirigido por Noah Baumbach narra a história de Kelly/Clooney, um veterano do cinema que, ao alcançar a melhor idade, percebe estar emocionalmente distante da própria família e mergulhado em uma existência solitária, apesar de estar constantemente cercado por pessoas nos sets de filmagem. Após reencontrar um amigo da juventude e se lembrar do passado glorioso, ele decide se reconectar com suas filhas e antigos companheiros, o que, como se observa ao longo das mais de duas horas de duração, revela-se uma empreitada árdua.
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A partir dessa decisão do protagonista, “Jay Kelly” transforma-se em um road movie onde mágoas e arrependimentos vêm à tona, e ele torna-se alvo das críticas daqueles ao seu redor, em razão de erros passados. Na tentativa de redenção, Kelly acaba reabrindo feridas profundas das quais é o principal responsável. Nesses momentos, o roteiro se sobressai por meio de diálogos incisivos, escritos pelo próprio Baumbach em parceria com Emily Mortimer, mais conhecida por sua atuação como atriz.
Além do texto refinado, o filme também se destaca pelo elenco de apoio, que reúne nomes consagrados como Isla Fisher, Greta Gerwig, Patrick Wilson, Riley Keough, Eve Hewson, Jim Broadbent, entre outros. No entanto, os grandes destaques entre os rostos célebres são Laura Dern e Adam Sandler. Dern impressiona por sua versatilidade, interpretando uma assessora que abandona Kelly, mas não sem antes confrontá-lo com verdades até então ocultas sobre sua personalidade e seu individualismo exacerbado. Já Sandler entrega mais uma performance contida, evitando os excessos do humor autodepreciativo que costuma marcar seus personagens.

Dessa forma, pode-se afirmar que esse novo filme de George Clooney funciona como uma espécie de tributo à sua própria trajetória — há inclusive uma cena em que trechos de seus trabalhos anteriores são exibidos na tela de um cinema — e como uma reflexão sobre sua identidade como artista. Tudo isso embalado por diálogos bem construídos e um elenco de peso. De resto, há apenas o que Hollywood sabe fazer com maestria: embalar tramas emocionais e colocá-las nas prateleiras globalmente. A diferença é que, agora, com o selo da Netflix ao lado do título, o filme também estará disponível nas telas de computadores e celulares para um consumo mais rápido.
Este filme foi visto durante a 49 Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

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