Durante sua infância e início da adolescência, João Bosco de Freitas Mucci tinha no rock de Elvis e Little Richards suas grandes referências musicais. Aos 12 anos, ele integrou uma banda de rock mineira, a X-Gare. Quando ingressou na universidade de Ouro Preto para cursar Engenharia, as referências de João Bosco passaram a ser o jazz e a bossa – estilo musical que tinha seu ápice naqueles anos. Durante seus anos como universitário conheceu um de seus grandes ídolos, Vínicius de Moraes, com quem compôs canções como “Rosa-dos-Ventos” e “Samba do Pouso”.
Contudo, sua primeira gravação veio alguns anos depois, em 1972, quando o compositor já tinha 26 anos. Foi o “Disco de Bolso, o Tom Jobim e o Tal de João Bosco”, lançado pelo jornal “O Pasquim”. No lado A, o lançamento de nada mais nada menos que “Águas de Março”, do mestre Tom Jobim, e no lado B, “Agnus Sei” do discípulo João Bosco e de Adir Blanc.
De lá para cá já foram 45 anos e 26 discos, com canções de Bossa Nova, Samba, Tropicalismo e o melhor da MPB. Hoje, em 2017, com 70 anos, João Bosco trouxe a síntese de sua carreira e sua música no show “40 Anos Depois”, que aconteceu na última quinta-feira (26) no Teatro Bradesco Rio, na Barra.
O show foi uma reapresentação do álbum “João Bosco: 40 anos depois”, lançado em 2012. O cantor tocou seus grandes sucessos como “Bêbado e o Equilibrista”, “Nação” e “Jade”, além de canções que foram de alguma forma uma referência em sua carreira – muitas já gravadas por ele – como “Águas de Março” de Tom Jobim, “Sinhá” de Chico Buarque e “Doce” de Maria Bethânia.
Um banquinho e um violão bastaram para conduzir a noite. Um show feito para lembrar os nostálgicos sucessos ou mesmo para ter a oportunidade e prazer de conhece-los. João Bosco com todo seu talento conseguiu unir a música carioca de Vinícius e Tom, baiana de Caymmi, e mineira do próprio João Bosco, trazendo a música genuinamente brasileira para o palco.
O clima era bem intimista, uma das frases que falaram na saída do Teatro resumiu bem: “parece que você estava com um amigo íntimo tocando para você e seus amigos em uma roda de violão”.
As músicas eram de excelentíssima qualidade, bem como sua interpretação, mas o mais interessante do espetáculo foram as histórias. Por mais de duas vezes, entre uma canção e outra, João Bosco partilhou com o público algumas histórias de sua vida e de sua música.
O cantor contou casos de sua amizade com o escritor João Ubaldo Ribeiro e com o compositor Toquinho além da história de algumas canções. Contou a história de “Água de beber”, de Vinícius, música que João Bosco cantou por anos até descobrir uma que era a tal Água de beber: uma aguardente norueguesa que ficou a deriva e um navio por meses até transformar-se na fortíssima “aqua viti”.
O compositor falou também sobre a primeira vez que veio ao Rio de Janeiro, o famoso Rio de Janeiro do samba e da bossa. Ao sair do aeroporto, ele conta, foi de táxi até o Leblon pela praia. Viu o mar pela primeira vez. Era o fim da madrugada e início da manhã. No horizonte o sol e a lua. Uma belíssima cena que ficou em sua mente, uma cena igual a letrada por Tom Jobim, em “Fotografia”. João Bosco diz que se encantou com aquela luz. Não era nem o sol forte de Caymmi nem a lua da boemia de Noel, mas uma mistura dos dois. Talvez seja assim também a música de João Bosco.
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