Passando pelo Brasil pela terceira vez, a cantora estadunidense mostrou nesse último domingo (18) um show mais maduro e completo do que em outros momentos de sua carreira. Seguindo o conceito de seu álbum Witness, definido pela diva como um disco pop com uma mensagem social, o espetáculo não abriu mão das coreografias, bodysuits brilhantes e efeitos especiais. Entretanto, denúncias sobre alienação, desigualdade e a emocionante homenagem à deputada Marielle Franco, evidenciaram uma nova faceta de Katy Perry e surpreenderam os presentes que esperavam uma apresentação pop comum.
Mesmo que o show contasse com grande produção e com o carisma da americana, a procura dos ingressos abaixo do esperado fez com que a Witness World Tour fosse realocada do Parque Olímpico para a Apoteose. Ainda assim, os katycats, como se auto intitulam os fãs da cantora, já formavam fila e cantavam os hits desde às 7h da manhã. Mesmo a espera no calor e as filas desorganizadas, não os impediram de gritar e contagiar toda Sapucaí logo no início do show, que só ocorreu perto das 21h30.
Com apostas em elementos mais modernos, tema futurístico, e um look todo vermelho e cintilante no primeiro ato – que nada se parecia com as fantasias de cupcakes e borboletas das últimas turnês – Katy se mostrou menos colorida e com uma notável melhora vocal. Fechando o bloco com “Chained to the Rhythm”, grandes bonecos, com fios embaixo das mãos e uma televisão no lugar da cabeça, controlavam os dançarinos que carregavam televisores com imagens iguais, fazendo uma crítica à alienação e o domínio das grandes mídias sobre população.
Voltando da troca de roupa, a cantora aparece em um blaser todo quadriculado e com um cenário colorido e cheio de referências aos anos 80, se assemelhando esteticamente ao clipe Hard Times da banda Paramore. Katy apresentou novos arranjos para as suas músicas mais antigas e chamou um fã para subir no palco e ensinar para ela português. Enquanto a mudança rítmica pode não ter agradado tanto, a conversa com o jovem brasileiro provocou diversas risadas no público e permitiu que a performer mostrasse sua personalidade e simpatia.
Considerado um dos pontos altos do show, a terceira parte mostra um lado mais sombrio e adulto de Katy Perry. Vestindo um chapéu preto e branco que cobria metade de seu rosto e um maiô listrado, ela interage com um cenário trabalhado com rosas com espinhos gigantescos. O ato composto, majoritariamente, por músicas de seu último álbum, contou com uma performance no pole dance e um cover bem rápido de Janet Jackson.
Com menos luzes e efeitos, o bloco seguinte foi o mais marcante da noite, focando na potência vocal e no viés social da estadunidense. Aparentemente emocionada, no fim da canção “Unconditionally”, Perry se ajoelha em frente ao telão, que se acende com a foto da deputada Marielle. Levantando diversas bandeiras LGBT, o público gritava: “Justiça” e “Fora Temer”. Os gritos aumentaram ainda mais quando a irmã e filha da ex-política apareceram no palco. Após um minuto de silêncio, no qual só era possível escutar barulhos de choro, Anielle Franco fez um discurso clamando por mudanças e levando grande parte do público novamente às lagrimas, inclusive a própria Katy Perry.
Seguido por um setlist dançante e inspirado em videogames, o público da Apoteose estava bem menos barulhento, ainda abatido pela homenagem. Parte considerável das pessoas não conseguiam mais a acompanhar o ritmo do show, voltando a cantar e dançar somente em “Firework”, a última música do espetáculo e um dos maiores sucessos da cantora.
Por João Vitor Estima
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