Em uma entrevista informal, Feige falou sobre os planos da Marvel, “Blade” e faz uma autocrítica a fase atual da empresa nos cinemas
Kevin Feige, o produtor por trás da franquia cinematográfica mais bem-sucedida da história de Hollywood, recebeu um grupo seleto de jornalistas para uma conversa informal sobre o Universo Cinematográfico Marvel (MCU). Durante o encontro, ele revelou detalhes sobre futuras produções, compartilhou mensagens enviadas a James Gunn e falou sobre como a saga do Multiverso acabou se tornando tão conturbada.
Durante essa conversa informal com jornalistas, Feige — vestindo um moletom azul do Quarteto Fantástico e um boné do Magnum — falou sobre diversos assuntos, incluindo o andamento de “Blade”, seu futuro na Marvel e a saída de Jonathan Majors do MCU.
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A trajetória da Marvel tem enfrentado desafios recentemente, especialmente neste ano com os filmes “Thunderbolts” e “Capitão América: Admirável Mundo Novo”, que registraram algumas das bilheterias mais baixas da história do estúdio. No entanto, Feige não se mostra convencido pelas teorias sobre uma suposta fadiga dos super-heróis, acreditando que essa ideia não corresponde à realidade. Ele citou Superman, da DC Studios, como um exemplo de sucesso nas bilheterias — ao menos nos Estados Unidos.
Feige comentou que enviou uma mensagem de texto ao cineasta James Gunn para elogiar seu trabalho:
“Adoro como você simplesmente mergulha de cabeça”, disse Feige, entusiasmado com o filme que Gunn dirigiu após comandar três longas dos Guardiões da Galáxia na Marvel antes de assumir o cargo de diretor-executivo da DC Studios. “Você não conhece o Senhor Incrível? Que desafio! Mas vai descobrir. Não entende o que é isso? Vá em frente. Este é um universo totalmente desenvolvido.”
Embora não acredite na ideia da tal fadiga de super-heróis, Feige e sua equipe têm feito extensas análises retrospectivas sobre os filmes com desempenho abaixo do esperado neste ano, além de rever toda a trajetória desde o sucesso estrondoso de Vingadores: Ultimato.
Atualmente, o estúdio se prepara para o lançamento de seu novo filme, “Quarteto Fantástico: Primeiros Passos”, previsto para 25 de julho. É a primeira vez que a Marvel Studios assume a responsabilidade pelos personagens, após um trio de filmes com resultados variados em crítica e bilheteria produzidos pela Twentieth Century Fox — antes da aquisição pela Disney em 2019. Vale lembrar também o filme de baixo orçamento nunca lançado, produzido em 1994 por Roger Corman. (Curiosidade: os quatro atores principais daquele longa fazem uma participação especial em Primeiros Passos.)
Sobre Quarteto ser fora do universo convencional do MCU

Uma coisa que parece ter agradado Feige é que este novo filme é, essencialmente, independente e ambientado em um universo totalmente desenvolvido — sem a temida “lição de casa”.
“Não queríamos repetir a situação de Eternos com perguntas como ‘Onde eles estavam? Por que não ajudaram contra Thanos?’”, explicou. “Queríamos que esses personagens estivessem separados da nossa realidade, para não precisarmos justificar com algo como: ‘Ah, eles estavam escondidos aqui.’”
A escolha da estética dos anos 1960 vai além de um simples elemento de época. “Era uma estética única, capaz de representar seu próprio mundo, sua própria realidade”, disse Feige. “Durante as exibições-teste que realizamos, o público simplesmente aceitou aquilo logo de cara e se sentiu livre para aproveitar o que estava por vir.” Ele reforçou: “Não é preciso fazer lição de casa.”
Pós-Ultimato

Do lançamento de “Homem de Ferro” em 2008 até “Vingadores: Ultimato” em 2019, a Marvel construiu cerca de 50 horas de narrativa cinematográfica. Porém, nos seis anos que se seguiram após Ultimato, esse número saltou para impressionantes 102 horas de conteúdo entre filmes e séries — e chega há 127 horas se incluirmos as animações.
“Isso é demais”, declarou Kevin Feige.
Ele descreveu esse período pós-Ultimato como uma fase marcada por experimentação, evolução e, infelizmente, por uma expansão excessiva. E, embora se orgulhe das apostas criativas — apontando “WandaVision” e “Loki” como algumas das melhores histórias já produzidas pela Marvel —, Feige admitiu com franqueza: “Foi a expansão que, sem dúvida, desvalorizou essa produção.”
O sucesso da franquia também pode ter levado a Marvel a aceitar com facilidade a proposta de entregar mais conteúdo, especialmente em um momento em que a Disney — com o restante de Hollywood — estava mergulhada na intensa guerra do streaming.
“Foi um esforço gigantesco da empresa, e não é preciso muito para nos convencer a dizer: ‘As pessoas pedem pela Ms. Marvel há anos, e agora temos a chance de fazer? Façam! Oscar Isaac quer interpretar o Cavaleiro da Lua? Façam!’”, lembrou Kevin Feige. “Havia uma sequência de decisões que nos foi imposta, mas também achamos que seria divertido dar vida a tudo isso.”
Hoje, a Marvel já começou a reduzir o volume de filmes e séries que produz. Em alguns anos, poderá haver apenas um longa-metragem. Certamente haverá temporadas em que apenas uma série de TV será lançada. Além disso, o estúdio iniciou uma reestruturação orçamentária, com filmes custando até um terço menos do que os produzidos em 2022 ou 2023.
Thunderbolts*

A expansão massiva para a televisão e o foco no Disney+ fizeram com que a experiência de assistir aos conteúdos da Marvel começasse a parecer uma espécie de “lição de casa”.
“Acho que foi justamente essa expansão que levou o público a se questionar: ‘Preciso acompanhar tudo isso? Antes era divertido, mas agora tenho que saber tudo sobre tudo?’”, refletiu Kevin Feige. “E acho que The Marvels foi o caso que mais me marcou, com as pessoas pensando: ‘Ok, reconheço ela de um filme que fez um bilhão de dólares. Mas quem são as outras duas? Acho que estavam em algum programa de TV… deixa para lá.’”
Esse desafio ficou evidente em “Thunderbolts*”, que reuniu personagens apresentados em diversas plataformas — alguns deles vistos exclusivamente em séries antes de aparecerem no cinema.
“Alguns desses personagens ainda carregavam o peso daquela sensação de ‘Acho que eu devia ter assistido outras séries para entender quem é esse sujeito’”, explicou Kevin Feige. “Mas se você realmente assistir ao filme, verá que isso não é necessário — nós o concebemos justamente para não ser. Ainda assim, precisamos reforçar essa ideia para o público.”
Permanência na Marvel
Nenhum executivo de Hollywood permanece no cargo para sempre. Seja por uma mudança na alta direção ou por uma sequência de filmes com desempenho aquém do esperado, a transição é inevitável. E quando o assunto é sucessão, as conversas se tornam especialmente delicadas — tanto na Disney quanto em Hollywood como um todo.
Kevin Feige demonstrou certa cautela ao abordar o tema, admitindo de forma discreta que ainda tem “cerca de dois anos, talvez um pouco menos” de contrato com a empresa.
Mas, independentemente do rumo que sua trajetória profissional tome, Kevin Feige deixou claro seu verdadeiro desejo: continuar criando grandes filmes para o maior público possível.
“Se eu quero fazer grandes filmes para grandes públicos daqui a 10 ou 15 anos? Sim, com certeza. É tudo o que eu quero fazer”, afirmou. “A Marvel é, hoje, uma excelente plataforma para isso. Mas minha esperança é poder fazer grandes filmes para muitas pessoas — para sempre.”
Sobre Jonathan Majors

A Marvel enfrentou uma série de contratempos nos últimos anos, enquanto desenvolvia suas fases pós-Vingadores: Ultimato. Obstáculos reais — como a pandemia e as greves em Hollywood — afetaram diretamente os cronogramas e a produção. A tragédia da perda de Chadwick Boseman, estrela de “Pantera Negra”, também deixou um vazio profundo tanto criativo quanto emocional. E mais recentemente, a condenação por agressão de Jonathan Majors — o ator que interpretava Kang, o vilão que parecia destinado a ser o próximo grande arqui-inimigo do MCU — impôs mais desafios à continuidade narrativa planejada.
Feige nunca mencionou Jonathan Majors diretamente, referindo-se a ele apenas como “o ator de Kang”, “o ator” ou concentrando-se exclusivamente no personagem. E segundo ele, a Marvel já estava se preparando para seguir outro caminho antes mesmo dos problemas envolvendo Majors virem à tona.
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“Começamos esse processo antes do que aconteceu com o ator. Começamos a perceber que Kang não era grande o suficiente — não era Thanos. E só havia um personagem capaz de ocupar esse lugar, porque ele tem sido assim nos quadrinhos por décadas e décadas”, explicou Feige. “Com a aquisição da Fox, finalmente conseguimos os direitos, e esse personagem é o Doutor Destino. Então começamos a conversar sobre o Doutor Destino antes mesmo de deixarmos oficialmente Kang de lado. E, na verdade, eu já vinha conversando com Robert [Downey Jr.] sobre essa ideia audaciosa antes mesmo de Homem-Formiga 3 estrear. Era um plano antigo nosso: pegar um dos maiores personagens e dar vida a ele com um dos nossos maiores atores.”
Miles Morales

Há anos, fãs vêm clamando por uma aparição live-action de Miles Morales no MCU — o Homem-Aranha que protagoniza os aclamados filmes da franquia Aranhaverso, da Sony Animation. Quando perguntado sobre o andamento de uma versão live-action do personagem pela Marvel, Kevin Feige foi direto: “Isso não está em lugar nenhum.”
Ele acrescentou que o destino de Morales está inteiramente nas mãos da Sony. “A Sony tem sua brilhante, genial e incrível franquia de animação do Aranhaverso em andamento e, até que ela seja concluída, nos pediram que ficássemos de fora”, afirmou Feige.
Blade
“O ‘obstáculo’ foi que o Ryan Coogler ligou e disse: ‘Adoraríamos alguns figurinos para Sinners’. E nós dissemos: ‘Pode pegar, cara’. Ele é nosso amigo, leva os nossos figurinos. Vamos adiar o filme”, brincou Feige.
A fala fazia referência bem-humorada a uma versão de Blade que estava em desenvolvimento e se passava durante a Era da Lei Seca — em sintonia com o estilo do sucesso recente de Coogler lançado no início do ano.
Feige confirmou que quatro versões de Blade foram desenvolvidas recentemente — duas ambientadas em períodos históricos e duas contemporâneas.
Segundo ele, a Marvel agora “chegou aos dias modernos”. E sim, Mahershala Ali continua confirmado no papel principal.
Feige não divulgou um cronograma para Blade, mas revelou que já tem uma agenda definida com Coogler para o desenvolvimento de “Pantera Negra 3”.
Classificação 18+

“Deadpool & Wolverine”, assim como a série “Demolidor”, mostram que a Marvel tem se tornado cada vez mais confortável em explorar narrativas voltadas para o público adulto.
Ao mesmo tempo, seus personagens continuam aparecendo em produções voltadas para diferentes faixas etárias, conforme a proposta de cada projeto. Tudo isso faz parte de uma estratégia para manter os fãs engajados e proporcionar experiências variadas. Como apontou Kevin Feige, é perfeitamente possível ver o Duende Verde construindo bonecos de neve em “Homem-Aranha e Seus Amigos Incríveis”, do Disney+, e, em outro contexto, causar a morte da Tia May em “Homem-Aranha: Sem Volta para Casa”.
O Justiceiro é outro exemplo dessa versatilidade. O personagem, vivido por Jon Bernthal, está no centro de um especial que começou a ser filmado na semana passada e será exibido no Disney+ no próximo ano — com formato de filme para TV.
Feige confirmou que o Justiceiro estará também no próximo filme do Homem-Aranha, mas destacou: “Quando o Justiceiro aparecer no filme do Homem-Aranha, será com uma tonalidade diferente.”
Roteiros e Flexibilidade
O processo de produção cinematográfica da Marvel tem sido marcado por roteiros em constante evolução e um intenso trabalho na pós-produção. Em contrapartida, James Gunn — após sua passagem pela Marvel — declarou publicamente que, na DC Studios, sua equipe não inicia nenhum projeto sem um roteiro finalizado e com um desfecho definido.
Kevin Feige, no entanto, afirma que a Marvel nunca deu início a um filme sem um roteiro completo. Apesar disso, admite que nunca esteve plenamente satisfeito com nenhum dos roteiros que a empresa teve em mãos. “Nunca fiquei satisfeito com um filme que lançamos”, declarou.
Segundo ele, o que a Marvel valoriza de fato é a possibilidade de “elevar cada passo” — aprimorar continuamente durante o processo, seja em desenvolvimento, gravação ou pós-produção.
“Há coisas acontecendo todos os dias no set de ‘Vingadores: O Juízo Final’ neste momento, e é incrível de acompanhar”, comentou Kevin Feige. “Esses cineastas, esses atores — tanto os que estão assumindo seus personagens pela primeira ou segunda vez quanto os veteranos que já os interpretaram dez, doze vezes — são os melhores do mundo nisso. Conhecem profundamente esses papéis.”
Feige ressaltou a importância do processo criativo colaborativo: “Quando eles têm uma ideia, você quer ouvir, se adaptar a ela e aprimorá-la. Eu não gostaria de mudar isso.”
Stephen McFeely é o responsável pelo roteiro do filme, mas Feige revelou que Michael Waldron — criador de Loki — também está envolvido no processo.
Imagem Destacada: Divulgação/Marvel
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