O mito da criação, que desde os primórdios do cinema é explorado e trazido ao público, já teve diversas versões.
Desde os filmes sacros da velha Hollywood, até as mais modernas como uma possível e vindoura versão da Disney que se passará nas ruas de Nova York, a história de Adão e Eva, o primeiro casal, vez ou outra retorna para uma reimaginação.
“Lilith”, filme do brasileiro Bruno Safadi (não confundir com um dos irmãos franceses que são Safdie), traz exatamente uma nova e provocadora vertente desse mito, explorando essa mulher que teria sido criada antes da tradicional e mais conhecida Eva, mas que como não era uma fêmea submissa, mas uma mulher contestadora e decidida, se rebela e vai para o deserto.
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No filme, depois da peregrinação pelo deserto, Lilith retorna para reclamar seu lugar no mundo e se levantar contra todo sistema patriarcal.
Considerando o tema baseado em um mito e posto isso, aberto a diversas interpretações, o diretor escolhe o caminho da experimentação com muitas metáforas visuais, experimentais e interpretações superlativas, principalmente por Isabél Zuaa como Lilith.
E nesses tempos de “La La Land” e “Wonka”, nada mais moderno e funcional que alguns diálogos sejam cantados, com momentos musicais, exprimindo toda sorte de formato que o filme se propõe a mostrar para fazer sentir e pensar.
A forma em que o filme formata as interações dos personagens, traz algumas imagens inspiradoras outras desconcertantes.
Como em um filme de David Linch em que o que se mostra na tela, pode ter diversos significados ou pode ser literalmente o que se vê, em uma consciente inversão de valores visuais.
É realmente uma obra ousada de difícil classificação e para algumas audiências, de absorção. A fotografia flutua entre cenas que parecem de sonhos, naturalistas ou tão bem elaboradas como os mais novos experimentos em termos de câmeras, que são de vários tipos utilizadas durante o filme.
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O diretor Bruno traz na sua visão da personagem, que muitos consideram como uma espécie de demônio mitológico (seria pela natureza contestadora de Lilith?), de formas a justificar sua trajetória na história, como se a maioria dos atos se justificassem pela luta justa e hercúlea que ela enfrenta, pois trata-se também, de uma história de vingança.
De qualquer forma, em nossa cinematografia nacional, trata-se de um verdadeiro corpo estranho, mas que irradia vida e rebeldia, pois todo tipo de arte cabe em nosso cinema.
Por ter muitas interpretações, nem sempre as metáforas são de fácil entendimento e pelo filme se tratar de experimentos, mesmo tendo 1h20m, torna-se por vezes confuso e profuso ao mesmo tempo.
São as vantagens de se fazer um filme sem amarras narrativas tradicionais, onde o diretor que também é roteirista junto com Vera Egito, teve o controle praticamente total do que quis mostrar e por ser experimental mas imagético, fica fácil de justificar todas as escolhas, mesmo que às seja enigmático demais para decifrar.
Imagens e Vídeo: Divulgação/Pandora Filmes
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