Pode falar a verdade: você já torceu a cara para algum livro de Youtuber. Hoje eles tomam as estantes de mais vendidos das livrarias, as listas de mais vendidos e os banners das Bienais, pelo Brasil a fora… Quem são eles? O que fizeram para merecer tanto destaque? Qual é o enredo de seus livros? Eles são uma ameaça para literatura convencional? Calma, leitor, vou te explicar tudinho!
Youtuber (por Dicionário inFormal (SP)).
1. Aquele que faz vídeos e posta no youtube.
2. Aquele que tem canal no youtube.
É isso. Youtuber é aquela pessoa que tem um canal no Youtube e faz vídeos para ele constantemente. Oi? Você não entendeu nada? É porque não é tão simples quanto parece. O Youtube é uma rede gigantesca, com milhares de canais e milhões de vídeos. Para ter destaque no meio de tantas opções, os Youtubers precisam se diferenciar de alguma forma. São esses “diferentões” que acabam angariando milhares de seguidores e, posteriormente, lançando livros.
O segredo para o sucesso não é uma fórmula mágica e “ser diferente” em um universo de milhões não é nada fácil. Alguns podem chamar de sorte, outros de persistência e há quem diga que essas pessoas só ficaram famosas porque “começaram há muito tempo, quando não tinha nenhuma iniciativa do gênero no Youtube”. Verdade seja dita? Eles continuam se mantendo no ar, ganhando fortunas e vendendo livros que nem água.
Kéfera Buchmann é dona do quarto maior canal do Brasil, com mais de 6 milhões de assinaturas. “5incominutos” talvez se diferencie dos demais canais pela forma escrachada como Kéfera se apresenta. Os vídeos são sempre curtos, grande parte sobre assuntos polêmicos e com uma chuva de palavrão para ninguém botar defeito.
Recentemente, a Youtuber e escritora foi envolvida em uma polêmica! Durante a Bienal de São Paulo deste ano, Kéfera postou um vídeo no Snapchat onde uma fã aparecia beijando seu pé! E o livro que é bom, nem sequer é visto no vídeo…
Sei que agora você provavelmente está com três pedras na mão, pronto para jogar nas vitrines de todas as livrarias que tenham Youtubers na capa. Mas calma… Abaixa essas pedras só um minutinho e continua lendo. Prometo que já estou acabando.
Os livros dos Youtubers são de gêneros variados… Alguns são biografias, outros histórias sobre como o canal se tornou bem sucedido. Também existem livros “convencionais”, escritos por jovens estrelas da internet. É o caso, por exemplo, dos livros da Bruna Vieira – youtuber com mais de 1 milhão e meio de inscritos no canal e blogueira do Depois dos Quinze. Também temos no mercado livros sobre jogos, auto-ajuda, ilustrados… Enfim, livros para todo gosto!
E esse é exatamente o ponto que eu quero chegar. O jovem, consumidor principal do conteúdo fornecido pelos Youtubers e, portanto, também dos seus livros, vem aumentando veementemente seu consumo de literatura. Coincidência? Meio improvável. Claro que o mercado hoje está muito mais aberto e publicando uma série de livros que de fato interessam a juventude. Todavia, temos que pensar em uma possibilidade: aquela parcela social que odiava ler, nunca comprava livro e tinha horror só de pensar em participar de algum evento literário hoje pode ter começado a fazer tudo diferente – por causa de um Youtuber.
“Ai meu Deus, Clara, mas isso dificilmente pode ser considerado literatura”. Se esse é o seu argumento, o que eu tenho para dizer é o seguinte: Já pensou que esse jovem pode estar começando sua vida literária com o livro da Kéfera ou de qualquer outro Youtuber que não qualifica como “literatura” para você, mas que eventualmente ele pode acabar se apaixonando pela leitura e lendo diversos outros livros e gêneros? Que tal essa perspectiva? Guarda sua pedrinha!
E tem mais, hoje o gênero “livros de Youtubers” é o marginalizado, mas antes dele, outros gêneros já sofreram as críticas daqueles que acham que sabem definir o que é “literatura”. Quantas vezes eu já não ouvi gente falando mal de Chicklit, ou romance adolescente, ou literatura erótica… Só para citar alguns exemplos!
Conclusão: leia o que te faz feliz e deixe as pessoas fazerem o mesmo! Não vamos fechar possíveis portas de entrada para o mundo literário e nem categorizar gêneros como inferiores ou ruins, simplesmente porque não gostamos deles! Por um mundo literário de mais paz.
Por Clara Savelli
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