Dia 13 de julho comemora-se no Brasil e no mundo inteiro o grande Dia Mundial do Rock! Esse estilo musical tão fascinante e enlouquecedor que encantou a chamada “Geração Baby Boom“, do Pós-Guerra.
Mas ele não ficou por aí e sempre esteve se renovando. Seguiu adentrando o coração dos jovens de décadas depois, como os do movimento hippie, nos EUA, ou mesmo em nosso país com o maravilhoso movimento da Tropicália, que fazendo alusões ao Modernismo, devorou Jimi Hendrix e também o Rock inglês. E no estilo Raulseixista, claro, inovando ao misturar o forró de Luiz Gonzaga com um dos precursores do gênero aqui tratado, o rei Elvis Presley.
E foi para homenagear as vastas realizações de inúmeros artistas que transcenderam épocas que resolvemos separar alguns dos músicos, filhos do Rock, que se utilizaram de frases dos seus literatos preferidos em suas músicas. Alguns recitaram seus nomes nas canções, dedicando as a grandes poetas, assim como, alguns usaram textos inteiros da Literatura para transformar em música.
Um deles foi Jim Morrison, da banda The Doors. Citá-lo é um pouco suspeito porque antes de ser músico, Jimbo (como gostava de ser chamado) era um poeta, tendo inclusive gravado um CD homenageando somente a este gênero lírico – a poesia – com escritos autorais. Aliás, o próprio nome do grupo faz alusão “As Portas da Percepção”, do escritor britânico Aldouxs Huxley e também ao verso do poeta inglês William Blake que escreveu “Quando as portas da percepção forem abertas tudo surgirá ao homem tal como é, infinito”. Outra ideia do vocalista da extinta banda The Doors, foi criar a música “Wild Child” (Criança Selvagem) em homenagem a Jean Arthur Rimbaud. Ao final da música ele pergunta “Você se lembra quando estivemos na África?”, referindo-se ao período em que o jovem poeta francês viveu no Continente Africano. Tem mais! “A Canção do Alabama”, foi retirada da dramaturgia do clássico alemão Bertold Brecht. Para finalizar, Jim ainda terminou seus dias como poeta errante em Paris. Sem dúvidas ele deve ser o primeiro em nossa lista.
Renato Manfredini Junior, mais conhecido como Renato Russo, vocalista da banda Legião Urbana, foi um dos grandes letristas do Rock Brasileiro, sobretudo, nos anos 80. Citou em “Eduardo e Mônica” que sua personagem “gostava de Rimbaud”, no início de sua carreira explanou em um de seus primeiros discos que já estava “cansado de ouvir falar em Freud, Jung, Engels, Marx, intrigas intelectuais rodando em mesa de bar”. Não é exatamente a Literatura a qual nos referimos aqui, mas tá valendo também. Além disso, reproduziu lindamente o Soneto do patrono da Língua Portuguesa, Luís de Camões, na esplêndida canção “Monte Castelo” – “Ainda que eu falasse a língua dos homens e falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria (…) o amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói e não se sente, é o contentamento descontente”.
Também merece ser lembrado nosso roqueiro mor, Raul Santos Seixas, o queridíssimo Raulzito, ressaltou ironicamente em “As Minas do Rei Salomão”
“Olha os livros na estante! Dom Quixote, o Cavaleiro Andante, luta a vida inteira contra o rei!” Seríamos nós mesmos o rei contra o qual lutamos toda a nossa vida? Fica aí a reflexão “Raulseixista”.
Os Mutantes também fizeram uma música nomeada “Don Quijote”, obviamente ao estilo Mutantes de ser e bem modernista, onde ele aparece “mascando chiclete”. Também citam Dulcineia em “El justiceiro”.
Não podemos esquecer do nosso prêmio Nobel de Literatura, Bob Dylan, tão rechaçado pela indicação, mas – a parte dos comentários maldosos – seu trabalho foi engrandescido devido ao caráter mais literário que musical no conjunto da sua obra. Ele foi um poeta que em outros tempos realmente renovou a música. E ao contrário dos citados acima, foi ele quem levou a música a outros setores da sociedade, como a política, por exemplo. Houve grupos e coletivos de luta criados a partir das letras de suas canções, como “Wather Underground“. E ao que parece, hoje, Bob Dylan anda mexendo com os chamados “fundamentalistas da palavra”.
Literatura e Rock caminham juntos há muito tempo e esperamos que continue assim. Afinal, muitos nomes importantes do Rock usam a literatura para inspirar as suas palavras e as suas mensagens.
Por Susana Savedra
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