Hozier traz para o Lollapalooza 2024 uma experiência inesquecível

Primeira vez no país, o irlandês Hozier fez show digno de headliner no início da noite de sábado no Lollapalooza 2024. Sem extravagâncias visuais, o músico se garantiu com a presença de palco, voz firme e sorumbática e um pouco do melhor das composições de seus três álbuns de estúdio.

Quando o coração parar

Romper algum teto de vidro é tanto uma bênção quanto uma maldição, e como uma crônica do cotidiano para o talentoso irlandês Andrew John Hozier-Byrne (ou somente Hozier), tem-se um caso da colheita dos melhores frutos da situação. Tendo dado a cara para 2013 com o megahit “Take me to Church”, superar os próprios números ou o desejo de “permanecer relevante” se torna um fantasma e paranoia para alguns músicos, o que não parece ser o caso.

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Em tom sóbrio e até tímido com o público, Hozier arranhou seu português para saudar a platéia. Munido apenas de voz e guitarra, subiu ao Palco Samsung Galaxy no início da noite de sábado enquanto a multidão dava um jeito para ver o show com alguma estabilidade nos morrinhos do Autódromo de Interlagos — e se não a chuva, não seria o barro que tiraria a chance de ver a primeira performance do artista no país.

Acompanhado da sua setlist mais recente de festival, Hozier trouxe relativamente menos de seu novo trabalho “Unreal Unearth” (2023), com a multidão arriscando menos em “De Selby”, “Eat Your Young” e “Francesca”, no geral no início da performance, mas dando a tônica de um show melancólico, simples, e bom — garantindo-se na simpatia e boa música.

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Não que seja necessário ir até os confins do rebuscamento e referenciar Dante — embora Hozier o faça! — com naturalidade, mas para quem começou a trajetória com o que se tornou um hino LGBT, Hozier demonstrou que não tem dedos para falar de sofreguidão, seja de quem for, e que não precisa se provar enquanto artista multiversado para ninguém — bem, basta que sua voz rouca fale por si.

_{Imagem: Divulgação/Lollapalooza (Crédito: Flashbang/Camila Cara)}