“My Mad Fat Diary” é sobre Rae.
Rae tem 15 anos, vive na Inglaterra dos anos 90, ama música – especialmente bandas como Oasis e Weezer – e nunca se entende com sua mãe. Rae não tem namorado, mas pensa bastante em sexo e em garotos.
Rae é gorda. E tentou se matar.
Recém saída de 4 meses de internação psiquiátrica, Rae agora precisa se encaixar no “mundo normal”, o que só se torna mais complicado quando a pessoa não se encaixa num padrão de beleza e comportamento. Em meio ao frenesi de “13 Reason Why” – cuja trama gira em torno do suicídio de uma adolescente – “My Mad Fat Diary”, embora já encerrada, mostra-se ainda mais relevante.
Rae se sente julgada por todos. Teme contar para os próprios amigos sobre a internação porque não quer que a vejam como “louca”. Andar de mãos dadas com o garoto que gosta – magro e de beleza padrão – se torna um tormento. Sua relação com comida é de amor e ódio. E a possibilidade de uma recaída está sempre a espreita. Em suas consultas com o psicólogo, ouve o tempo todo que precisa aprender a amar a si mesma. Mas como é possível amar uma pessoa com tantos supostos defeitos? Ainda mais se a tarefa não parece muito mais fácil para suas amigas “normais”, constantemente agredidas por namorados ruins e até outras mulheres tão inseguras quanto ela.
Nas 3 temporadas da série, não existem caminhos fáceis. Um passo para a frente pode ser seguido de dois passos para trás. O apoio nem sempre vem quando mais se precisa, e Rae descobre que pode ser tanto vítima como algoz. Através de seus registros, vemos suas vitórias e derrotas de um modo extremamente pessoal. Se foi optado não mostrar a violência a qual a personagem é submetida ou se submete, é no roteiro e no trabalho dos atores que fica a honestidade da história.
Além das tristezas, existem muitas risadas e momentos de alegria. Na sua jornada para a vida adulta, Rae aprende a ser quem é – debochada, irreverente, impetuosa e mesmo frágil – sem ter vergonha de si mesma. Se existe uma série que todos deveriam assistir – principalmente jovens mulheres é “My Mad Fat Diary”.
A lição que fica, depois de 16 episódios de muita luta, desespero e também muitas conquistas, e a certeza do potencial que temos que cuidar de ser amados e cuidar de nossas feridas. No fim, seu trunfo não está apenas nas temáticas que aborda. Mas principalmente, como as aborda pelos olhos de uma sobrevivente.
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Bacana.