“Névoa Prateada” é o terceiro filme da diretora holandesa Sacha Polak e mais um com a surpreendente atriz inglesa Vicky Knight, que apresenta um trabalho pungente e aguerrido mas sensível e vulnerável, de uma jovem suburbana que trabalha como uma enfermeira compassiva e atenciosa, mas com uma algo dentro dela que a faz explodir a cada vez que pensa em uma das suas condições de vida, não à toa recebeu merecidos prêmios pela sua performance.
O filme tem como base a própria história da sua atriz principal e protagonista, pois Vicky Knight foi realmente vítima de um incêndio criminoso em sua infância – o que lhe casou a queimadura de 33 por cento do seu corpo e vitimou dois de seus primos.
No filme há uma adaptação e menciona-se um irmão.
Partindo desse princípio poderoso, a diretora tece um mosaico interessante e real dos jovens das periferias de Londres que lutam para conseguir empregos, se achar entre pequenas alegrias nas baladas, nas tristezas em relacionamentos vazios e egoístas e a falta de pertencimento que acomete a quem não tem experiência de vida e reside bem próximo a uma grande metrópole.
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No caso de Franky, a protagonista, que parte de um relacionamento com um rapaz que não gosta, um pai que não a reconhece (e vive com outra mulher que tomou como esposa), passa a namorar uma das pacientes que atende no hospital, Florence (interpretada pela jovem Esmé Creed-Miles), que além de problemática se revela uma pessoa extremamente egoísta e manipuladora.
Leah (Charlotte Knight) a irmã de Vicky/Franky (nas telas e na vida real) também não tem um relacionamento saudável com o namorado, um sujeito abusivo, inconveniente e a certa altura ela começa uma conversão religiosa para escapar da sua rotina opressora.
Tudo acontece diante uma fotografia que é literalmente envolta na névoa prateada dos cigarros de cannabis e nas festas que Franky, Florence e seus amigos em comum frequentam enquanto se divertem.
As interpretações das jovens Vicky e Esmé são muito naturais e intensas, elas têm uma química muito interessante e aprofundam a história de vida que as envolve, principalmente quando entra em cena Alice (a grande Angela Bruce). Essa, por algum motivo que não parece muito claro, adota como uma avó, Florence e seu irmão neuro divergente.
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Sensível, amorosa e tranquila, Alice é uma paciente terminal de câncer que só quer aproveitar os últimos momentos da vida na melhor forma que puder e traz na sua doçura e experiência, a personagem mais leve do filme.
Os outros coadjuvantes ao redor de Franky são funcionais: os namorados, o pai que abandonou o lar e as duas filhas, e a mãe alcoólatra, fazem parte do núcleo que leva os espectadores acompanhar uma rotina que pesa na protagonista a ponto de torná-la pouco a pouco mais caótica. O que a faz ter episódios de raiva que mostram o peso da interpretação de Vicky e o quanto ela se doa ao papel.
A direção de Sacha Polack é segura, mas o filme não escapa de alguns clichês de início e fim de alguns dos relacionamentos, principalmente, nas formas em que são apresentados. E, claro, do destino da personagem mais bem resolvida, que no final faz a protagonista ter aquele resquício de esperança e mudança na típica jornada de aprendizado que, mesmo nos seres humanos mais feridos, traz a esperança de dias melhores.
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É um filme moderno, com questões atuais como abandono parental, relacionamentos abusivos, preconceito contra pessoas LGBTQIA+ e utiliza todas as ferramentas necessárias de uma diretora que está em sintonia com seu público, com algumas concessões, momentos catárticos humanos, como em toda história bem contada sobre respostas de como seguir em frente sem ter a experiência necessária e aprender a lidar com isso.
Imagem Destacada: Divulgação/Bitelli Films
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