Pai, perdoai. Eles não sabem o que fazem…
Quando se aproximam datas comemorativas que envolvem religiosidade, uma safra de filmes sobre Jesus é lançada e, normalmente, com a mesma trajetória. “O Jovem Messias” (The Young Messiah), apresenta uma proposta diferente, mas com um resultado nada interessante.
A proposta da trama é contar sobre a infância de Jesus, aos sete anos de idade. Morando em Alexandria, no Egito, devido à fuga para escapar do massacre ordenado pelo Rei Herodes, em Israel, a criança sabe que seus pais escondem algo dele, assim como tem consciência de que ele é diferente e especial comparado a outros meninos da sua idade. Enquanto isso, seus pais acreditam que ele é muito novo para saber a verdade sobre seu nascimento e propósito na terra. Devido a uma confusão na cidade, a família resolve voltar a Nazaré, pois o rei havia morrido. Só que eles não sabiam que o trono havia sido ocupado pelo filho de Herodes, que é tão ruim quanto o pai e quer a todo custo acabar com a vida do menino.
O roteiro, baseado na obra de Anne Rice (Entrevista com Vampiro), escrito pelo diretor e por Betsy Giffen Nowrasteh (Sob Pressão), não apresenta nenhuma interessante proposta para aguçar o intelecto do público, deixando os diálogos sem força e o contexto sem muito conteúdo para o desenvolvimento de uma proposta interessante que não seja o que já está exposto na Bíblia. Em paralelo a isso, a direção de Cyrus Nowrasteh apresenta-se abusando de recursos clichês para “emocionar” o público. É notável uma falta de percepção religiosa e dramática para a montagem visual da narrativa.
No elenco, o veterano Sean Bean deixa a desejar em sua interpretação, na qual ele não consegue roubar uma cena sequer. Fato esse que dá a oportunidade a duas atrizes secundárias a chance de chamar a atenção em suas pequenas participações. O ator mirim Adam Greaves-Neal, que interpreta Jesus, nada acrescenta à trama, deixando “correr solta” a sua presença no filme.
Mesmo que tudo que não estivesse andando bem, ainda poderia piorar. A trilha épica, composta por John Debney, é outro pecado, pois ao invés de se construir uma grandiosidade narrativa, ela torna-se ponto de necessidade para fazer com que o espectador sinta alguma coisa. A fotografia, que talvez seja um dos pontos fortes do filme, também comete seus erros, como o exagero em planos chapados e muito luminosos de câmera lenta. Talvez o que mais chame atenção seja a direção de arte, a cenografia e o figurino. A equipe mostra no filme que estudou e se preparou muito bem para confeccionar a atmosfera necessária para se contar esse trecho da vida de Cristo.
“O Jovem Messias” é um filme morno, sem uma mensagem forte e/ou intrigante, e com “pré-conceitos” clichês já estabelecidos por outros filmes. Exemplo disso é que ambos os antagonistas, Herodes e o demônio, são bonitos, usam roupas escuras e apresentam uma postura afeminada. Mesmo que não agrade a todos, o longa pode conquistar alguns fãs religiosos.
Paulo Olivera é mineiro, Gypsy Lifestyle e nômade intelectual. Apaixonado pelas artes, Bombril na vida profissional e viciado em prazeres carnais e intelectuais inadequados para menores e/ou sem ensino médio completo.
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