Premiado, poético e questionador
No dia 16 de junho, o premiado longa “Paulina” chegou as telas brasileiras. Vencedor do Grande Prêmio da Semana da Crítica no Festival de Cannes e da Mostra Horizontes Latinos no Festival de San Sebastián em 2015, a única vez que foi exibido no Brasil, foi durante a 39ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
A produção Brasil-Argentina, distribuída pela Esfera Filmes, tem a direção de Santiago Mitre transpondo em imagens a história da protagonista que, depois de estudar e se formar em Direito na cidade de Buenos Aires, retorna a sua cidade, Posadas, na divisa entre Argentina e Paraguai. Apesar de ter uma carreira promissora pela frente, Paulina decide ir atrás de suas convicções, escolhendo dedicar-se à atividade social, cuidando dos problemas da população de sua cidade, sem imaginar o preço que teria que pagar. A história é um remake do longa argentino La Patota, dirigido por Daniel Tinayre, em 1961, que acompanha Paulina, uma professora violentada por um grupo de rapazes.
“Não tinha assistido à versão original até que eles me disseram para trabalhar em sua adaptação. Vi o filme uma vez e decidi nunca mais assisti-lo: uma vez fora o suficiente. Havia algo no personagem de Paulina que me deu um estalo, me colocou em apuros. No início, tentei compreendê-la, e logo percebi que era impossível, que não tinha que entender Paulina, e que justamente aí estava o que me interessava nessa história. Paulina é movida por uma força de sobrevivência que beira o irracional e essa força é o que move o filme, que nos arrasta junto com ele. A versão original trabalhava com uma ideia do perdão através de parâmetros morais e religiosos. Para mim, a religião não interessa, mas percebi que poderia trabalhar com os temas do filme em outra perspectiva, e tentar construir uma fábula política, onde a convicção estivesse no centro. De alguma forma, o que a religião representava na versão original, foi suplantada por outro tipo de crença: a ideologia. Quão longe você pode levar uma convicção social? Qual é o limite da ideologia? Com estas perguntas, Paulina embarca em uma busca pessoal, e sozinha sofre pela dor que viveu. O que a faz se identificar com outras mulheres que sofreram violência semelhante, é a mesma e dolorosa pergunta: como você sobrevive a isso?” – Santiago Mitre (Diretor).
“Há alguns anos fiz um filme chamado “O Estudante”, em que trabalhei com um personagem que não acreditava em nada, um pragmático, alguém que seguia a vida sem se perguntar o porquê das coisas. De alguma forma, “Pulina” é o inverso do meu filme anterior. Ela tem suas convicções, pensa sobre as causas, sabe o porquê de tudo o que faz, e essa convicção é o que desencadeia o drama. Nesse filme, como no anterior, há personagens que se transformam, que mudam completamente. E em ambos há uma vontade de enxergar mundos políticos a partir de uma perspectiva contemporânea. Um dos desafios que “Paulina” coloca é como respeitar as decisões com as quais não concordamos. É fácil respeitar as decisões que você mesmo tomaria, mas torna-se (quase) impossível quando temos que compreender as coisas que consideramos erradas. Por que Paulina decide o que decide? O que procura? O que quer provar? É algo que nos perguntamos muito durante o filme, e continuamos a nos perguntar agora, e espero que o espectador se pergunte também.” – Santigo Mitre (Diretor)
Para escrever a cena do estupro, o diretor conversou com diversas mulheres que trabalham dando assistência psicológica a mulheres vítimas de violência. A atriz Dolores Fonzi, que interpreta Paulina, tem sido elogiada por sua atuação pela crítica especializada. O jornal El Pais chamou a produção de “Uma Fabula Poética” e você confere abaixo o trailer do filme que ainda está em exibição nos cinemas.
https://www.youtube.com/watch?v=X_Xa_JgM4nM
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