A essência da ciência.
Os cinemas nacionais receberam o longa “Um Homem Entre Gigantes (Concussion)” no dia 03 de março, trazendo Will Smith como protagonista, para contar uma história real que mudou os Estados Unidos.
A trama traz a trajetória do Dr. Bennet Omalu, um solitário neuropatologista forense, que ao descobrir o TCL, um trauma cerebral ligado ao futebol americano, em um falecido jogador, luta com todas as suas armas para provar sua descoberta. Porém a NFL, também usa de todas as maneiras para desacreditar o médico e se manter como uma poderosa organização.
Escrito por Peter Landesman, que também assina a direção, o roteiro apresenta uma verdadeira presença das minorias: o personagem principal é negro em meio há dezenas de brancos, possui diversas formações, mas é rodeado de médicos medíocres, ele é nigeriano e não americano e sua forma de lidar com as diversidades é completamente diferente dos demais personagens. Sendo bem desenvolvido, há pequenas falhas que passam despercebidas e outras nem tanto. A “infantilização” do personagem, chega a ser um pecado, assim como estabelecer uma dualidade entre a razão e a fé, sem muito aproveitamento deixou a possibilidade de se trazer uma intrigante perspectiva.
Enquanto isso, na direção de Peter, não há dúvidas que ele buscou interessantes formas para se contar a história do médico. O não enquadramento perfeito, cortando sempre uma parte do rosto, planos distantes através de objetos não focados e outros em que o reflexo dos personagens são apresentados, são o grande e o belo diferencial do filme. Além disso, a inserção de cenas reais dos jogos de futebol americano, trazem à narrativa o poder do esporte em contraponto à sua própria brutalidade.
Outro contraponto perspicaz foi a apresentar os contrastes de cores na fotografia e na arte do filme. Tratado em sua grande maioria na tonalidade azul, representando o lado cético e racional da trama, como a frieza das relações, as cenas amareladas trazem um outro lado, buscando a religiosidade, a ternura e até a humanidade dos personagens.
Muito se falou sobre a interpretação de Will Smith, e ele chegou a ser indicado ao Globo de Ouro como melhor ator. Porém, seu trabalho não chega nem a 40% de sua capacidade já apresentada em outras produções como “Em Busca da Felicidade”. A caricatura do personagem, o excesso de inocência e até o sotaque deixam a desejar. É como se o personagem tivesse, falando grosseiramente, algum tipo de retardo, uma vez que tudo lhe arregala os olhos como uma novidade e a demora na própria fala. Para um personagem que tem mais de 6 formações e muitas delas em países que falam fluentemente o inglês, esse delay na fala não é nem um pouco crível.
“Um Homem Entre Giagntes” é um ótimo filme. Ainda que apresente pontos fracos que facilmente poderiam ter sido revertidos, o longa nos apresenta um boa trama, onde a essência do ser humano mais uma vez é questionada. Onde a minoria é representativa, mesmo que muitos possam dizer o contrário.
Paulo Olivera é mineiro, Gypsy Lifestyle e nômade intelectual. Apaixonado pelas artes, Bombril na vida profissional e viciado em prazeres carnais e intelectuais inadequados para menores e/ou sem ensino médio completo.
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