Além de transitar pelo topo do ranking de melhor cinema do mundo, a Argentina sai na frente mais uma vez no que diz respeito à sétima arte. O país colocou ‘cinema’ como matéria escolar no primário. Agora, o currículo de educação básica argentina prevê o ensino de cinema como matéria obrigatória nas escolas.
A iniciativa é do INCAA (Instituto Nacional de Cine y Artes Audiovisuales) que apresentou a proposta buscando criar novas audiências para o cinema, especialmente o público jovem. O presidente do Instituto, Alejandro Cacetta, acompanhado pelo vice-presidente Ralph Haiek, e também pelas coordenadoras Lucía Cedrón e Roxana Morduchowicz, anunciou uma série de programas e ações que se direcionam para aproximar o cinema nacional das novas gerações.
O nome do novo programa é “La escuela va al cine” (em português: A escola vai ao cinema), inspirado na parceria com o programa francês “Collège au Cinéma”, pioneiro na Europa e que luta pelo modelo de educação através da sétima arte. O programa francês é uma iniciativa nacional em parceria com o Ministério da Cultura e Comunicação, Ministério da Educação Nacional e autoridades locais e visa aumentar o conhecimento sobre cinema entre os alunos primários e secundários nas escolas francesas. Entre as diversas frentes do modelo francês, uma das mais interessantes é a que permite crianças com idades entre 11 e 14 anos descobrirem três trabalhos cinematográficos por ano, em sessões organizadas especialmente para eles nos cinemas locais. Eles aprendem pontos básicos sobre a cultura cinematográfica a partir do respectivo trabalho conduzido pelos professores.
A versão argentina da iniciativa vai consistir na realização de sessões gratuitas para cem mil estudantes das escolas primárias e secundárias, em exibições que acontecerão em dez espaços do INCAA em todo o país, a partir de junho. Os professores e alunos receberão uma apostila didática elaborada em conjunto com a Escuela Nacional de Experimentación y Realización Cinematográfica, e através dela poderão fazer futuras análises e promover debates dentro da escola. Incentivar o aprendizado do cinema através da importante história que o próprio país tem no setor garante que crianças e jovens conheçam os grandes ícones argentinos e exercitem seus olhares críticos sobre as obras. A ideia é transformar o cinema em algo maior do que apenas entretenimento.
Cacetta declarou, ao anunciar a iniciativa, que esses programas são interessantes tanto para o INCAA como para a indústria cinematográfica de modo geral, porque são pensados a longo prazo e com pretensão de se tornarem programas de Estado, e não apenas da gestão atual.
Na primeira edição que se concretizará em breve, cinco títulos argentinos serão exibidos, com variedade de gênero e de temáticas. São eles: “Un cuento chino”, de Sebastián Borensztein; “Luna de Avellaneda”, de Juan José Campanella; “Infancia Clandestina”, de Benjamín Ávila; “Sin retorno”, de Miguel Cohan; e “Días de vinilo”, de Gabriel Nesci. Além da oportunidade de assistirem as obras, um concurso de nível nacional será realizado entre os alunos secundários, onde serão eleitas cinco propostas para melhorias no cinema argentino, na visão dos alunos.
Reconhecendo o sucesso do programa na França, Alejandro Cacetta também anunciou a realização de um workshop, organizado em parceria com a Embaixada da França e a Associação de Diretores de Cinema, batizado de “Proyecto Cine Independiente”, com palestras e oficinas, também em junho desse ano.
Para finalizar o primeiro ciclo, Cacetta também destacou a ação “Cinco botones para una muestra”, uma série de filmes franceses que serão exibidos nas salas INCAA de todo país, com a curadoria de Lucía Cedrón e assessoria de Massimo Saidel. Essa ação é parte do acordo feito entre o INCAA e o Institut Français em fevereiro, que também contempla a exibição de filmes argentinos na França.
A projeção é da geração futura construindo roteiros impecáveis e cenas de tirar o fôlego, com mais paixão e técnica do que já amamos atualmente no cinema dos hermanos. Resta saber se isso influenciará os pequenos a investirem também na atuação. Será que teremos novos (e quem sabe melhores?) Ricardos Daríns no futuro? Esperamos que sim!
Por Patricia Janiques
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