Longa retrata história familiar de 3 gerações de onças-pintadas com crítica ambiental
O documentário “O Diário da Onça” estreia na Globoplay em 06 de dezembro, após a estreia nos cinemas em 30 de novembro, e é produzido por WCP em coprodução com Ventre Studio com a própria Globoplay. Dirigido por Joe Stevens, a obra possui uma narrativa que conecta e resgata a história familiar da protagonista, a onça-pintada Leventina, somada à discussão sobre o meio ambiente.
Mais de 200 horas de material gravado por 3 anos renderam imagens e momentos tão belos quanto peculiares: encontrar a toca de Ferinha com Leventina e o irmão, a pata do irmão após o infanticídio, as queimadas, as cheias e secas, as nuances da paisagem e a vida das pintadas.
Crítica Ambiental: o progresso como inimigo das pintadas
A crítica ambiental relacionada ao progresso da agropecuária na região é feita de forma apartidária, sem discurso, sem ativismo e sim, na prática, com imagens e ações pela preservação. As imagens comprovam as dificuldades encontradas pela fauna local em sobreviver diante das mudanças climáticas e principalmente o impacto da ação humana.
Não bastasse a ameaça natural dos predadores, as onças-pintadas no Pantanal também enfrentam a hostilidade dos homens. Os fazendeiros a veem como ameaça, pois apesar de se alimentarem das carcaças dos bovinos abatidos por outros animais, são tidas como predadoras.
O documentário também passa por diversas fases do Pantanal enquanto bioma e mostra, por exemplo, o impacto das queimadas que quando fora de ordem podem exterminar uma geração inteira.
A voz de Leventina e das onças-pintadas
Um destaque do documentário é o roteiro e a narração de Allanis Guilen, que não segue um formato padrão: é a “voz” de Leventina contando a sua história para Fera, sua avó, e mostrando todas as dificuldades que superou com a ausência da mãe.
É muito tocante ver que os biólogos envolvidos se emocionam e de fato tem a preservação das pintadas como causa de vida, muito além do trabalho. Inclusive, eles destacam a fibra e a esperança que aprenderam com Leventina. Afinal, diante de tantas dificuldades ela tem porte físico menor que o esperado para sua idade e ainda assim se mantém altiva e aprendeu a sobreviver por si.
Atrás de mim estão todos os meus ancestrais me dando força. A vida passou através deles até chegar a mim. E em honra a eles eu a viverei plenamente.
Bert Hellinger
A jornada de Leventina no documentário o Diário da Onça é antes de mais nada um resgate da história familiar. É A oportunidade de reescrever a própria história a partir das experiências adquiridas: a sua é apenas uma parte da história das onças-pintadas que a antecederam.
Avó e mãe
Logo no início somos apresentados à Fera, avó de Leventina, a primeira onça pintada a ser reintroduzida na Natureza pela associação Onçafari.
Fera já começou a vida de forma dura, sua mãe para fugir do alagamento na época da cheia no Pantanal se refugiou na copa de uma árvore em Corumbá com 2 filhotes. Ao ser alvejada por um dardo tranquilizante no resgate, faleceu ao cair da árvore e com isso Fera e sua irmã foram resgatadas e preparadas para a reintrodução na natureza pelo Onçafari.
Mãe e Leventina
Felizmente Fera se adaptou bem e deu à luz à Ferinha. Que por sua vez, teve Leventina e mais um filhote, porém ele foi vítima de infanticídio: atacado por outras onças.
Ferinha passa a acasalar mesmo sem ser a época da reprodução, para evitar outros ataques à toca. Dessa forma, despista os machos a fim de proteger Leventina. É um comportamento atípico em prol da sobrevivência, a partir dai Ferinha abandonou Leventina à própria sorte.
Nesse momento é criada uma tensão a partir da dúvida: Ferinha morreu ou vai reaparecer?
Ao ficar sem a mãe, Leventina precisa aprender a sobreviver sem orientações, isso faz com que ela fique debilitada por não conseguir caçar.
O desfecho dessa tensão gera um desconforto inesperado e compreensível.
A força do legado
Leventina na sua jornada, mostra claramente nas “falas” e ações a importância de honrar o legado ancestral. Nela estão presentes a resiliência da avó, a força da mãe e afirma que todos os corpos são iguais, dos homens e animais. Que as pintadas são os animais mais antigos do Pantanal e merecem respeito e cuidado dos homens, afinal o existir é coletivo.
“O Diário de Uma Onça” nos ajuda a lembrar que todos fazemos parte da Natureza e é preciso saber de onde viemos para honrar a caminhada. Leventina somos todos nós.
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