Sem muitas dúvidas, Robin Williams é um dos atores que possuem um dos melhores currículos de Hollywood. Seu suicídio em 2014 pôs um triste fim a uma carreira com alguns filmes brilhantes, como “Gênio Indomável”, “Patch Adams – O Amor É Contagioso”, “O Homem Bicentenário”, entre vários outros. Mas, um que é incontestável é “Sociedade dos Poetas Mortos”.
O longa, que conta a história do professor John Keating e de seus jovens pupilos, fala sobre todos os dramas que podiam envolver os jovens da década de 50, época em que o filme é ambientado. Servindo de líder, de chamariz, conselheiro, amigo e até mesmo capitão, Sr. Keating vira a chave para que muitos deles lutem por algo distinto, seja para sair das mãos de ferro do pai ou ganhar um pouco de confiança neles mesmos. Todavia, há algo que nem o professor nem os alunos são capazes de prever, só devem lutar por isso, lutar por que está em suas vidas, mesmo que não saibam o que é.
A produção poderia ser só mais um entre grandes filmes sobre professores e alunos, exemplos como o clássico “Ao Mestre, Com Carinho”; ou ainda os sensíveis “O Sorriso de Monalisa” e “Escritores da Liberdade”, mas “Sociedade dos Poetas Mortos” é ainda mais profundo e trabalha com uma intensidade maior e melhor bem desenvolvida.
“Quando você pensa que conhece alguma coisa, você tem que olhar de outra forma. Mesmo que pareça bobo ou errado, você deve tentar!”
(Mr. Keating)
O personagem de Robin Williams não quer apenas mudar os rumos ou propor novos caminhos aos seus pupilos. Sua desenvoltura, seu comprometimento e envolvimento com os jovens são muito mais profundos que isso. Ele os desafia a buscarem ser, procurarem entender quem são, para onde vão e o que querem, sem exatamente servir de modelo. Está o tempo todo os questionando, os desafiando, os transformando. E muito mais que isso, Sr. Keating está disposto a mudar pelo processo também, a ser transformado pelo meio. Assume suas próprias escolhas, as solidifica e as enfrenta com vigor, trabalhando junto aos alunos, sendo parte deles.
O mestre vive o que fala, acredita em seu próprio lema e isso é mais forte para os estudantes que qualquer ensinamento que tente passar em alguma moral da história. Há uma transformação para todos que se deixam tocar pela poesia, pela vida. Há uma surpresa. Ainda que o tema seja batido, afinal Carpe Diem é bastante clichê dentro de vários filmes, histórias e roteiros, em “Dead Poets Society” nós respiramos, vivemos, nos alimentamos dele. Não é “Aproveite o Dia” na teoria. É na mais profunda e intensa prática.
Os alunos, apesar de serem figuras de décadas passadas, vivem os mesmo dilemas que atravessam gerações: amores, sexo, pressões sociais, dúvidas, anseios e desejos. Vemo-los divididos entre as matérias que devem estudar, os trabalhos para entregar, e as pressões que enfrentam ao quase entrar na vida adulta, o medo, o receio, a surpresa. Eles também cometem erros sofridos e são punidos, mas provam que o que o professor lhes ensinou de mais valioso está fora das salas de aulas, e apesar de tudo, alguns deles mantêm a mudança sutil, porém enraizada – que aconteceu em suas almas.
“Oh, Captain my Captain.”
(Poema de Walt Whitman, citado por Sr. Keating e que é parte da famosa cena acima)
O longa ultrapassa a barreira de um filme suave e delicado feito entre jovens e um adulto que serve para eles de mentor. Isso porque Sr. Keating e seus discípulos quebram esse obstáculo, colocando-se longe de qualquer imagem pré-fabricada ou produzida entre um adulto que veio salvar o mundo e moços que precisam dele para ter coragem, para servir de estopim para suas grandes batalhas. Robin Williams desenvolveu com os atores que interpretavam o grupo de estudantes uma química memorável e difícil de ser copiada. É quase como se todos eles estivessem ali como aprendizes e não houvesse nenhum mentor ou professor.
O filme não tem apenas uma mensagem de lutar para sair de um meio que não favorece seus aprendizes, ele tem um ensinamento sobre como mudar a partir de si mesmo. Quase como um velho e antigo ditado que diz que qualquer boa mudança começa dentro de cada um.
Ainda que a maior vitória desse longa seja o que os atores conseguem passar, tudo nele funciona como peças de um belo quebra cabeça que se encaixam perfeitamente. Desde a direção sensível de Peter Weir, até a fotografia de John Seale, a trilha de Maurice Jarre e o roteiro de Tom Schulman, tudo funcionou impecavelmente bem na finalização da obra. É um daqueles filmes que indubitavelmente valem a pena ser assistidos muitas e muitas vezes. Mais que um clássico, o filme serve para mudar e tocar a alma de qualquer um.
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