Qual o segredo do sucesso? Atualmente essa parece ser uma das questões mais importantes em diversas sociedades ao redor do mundo. Prova disso é a grande quantidade de títulos de livros de autoajuda, palestras, reportagens, programas de TV e diversas outras mídias onde o assunto ganha destaque. Não é de se estranhar que estejamos vivendo uma época em que essa questão ganhe tanta importância, afinal, a mesma tecnologia que nos permite acessar qualquer informação em tempo real, também criou as “celebridades” instantâneas, sejam blogueiros, youtubers, instagramers, ou qual for a rede social mais hype no momento em que você estiver lendo esse texto.
Independente se o foco de atenção é em um youtuber que desfruta de alguma fama artificial, como existem dezenas por aí; ou se é o jovem fundador de alguma empresa bilionária como Facebook ou SnapChat, o fato é que vivemos bombardeados por esses novos ricos e famosos, que agora se chamam influencers. Impulsionadas pelo mesmo sucesso, milhares de pessoas tentam descobrir a “fórmula mágica” ou a “receita de bolo” que as torne tão importantes no mundo digital. O resultado é muita gente frustrada, afinal não existe receitinha pronta para o sucesso.
É basicamente sobre essa questão que Orlandelli vem tratar em seu novo álbum: O Sinal.
Essa é a história de Afrânio, um homem de meia idade, solteiro, que mora sozinho num apartamento típico de classe média. Preso a uma rotina aparentemente intransponível e frustrado por ainda não ter conseguido atingir o sucesso em sua vida, ele apenas se contenta em acompanhar algumas das centenas de novas “celebridades” do universo da internet. Até o dia em que ele se cansa de sua vida de fracassos e decide fazer uma sincera retrospectiva de sua vida para tentar descobrir onde é que falhou ao longo desse tempo todo. É com esse flashback que a história se inicia.
Começa então sua busca por um SINAL que lhe indique o caminho correto a seguir para finalmente se tornar bem-sucedido. Mas como é esse sinal de que os livros e palestras motivacionais tanto falam? De onde vem? Como ele saberia identificar se o tal Sinal do universo estivesse na sua frente exatamente agora?
Fato é que, certo dia, algo diferente acontece: um tipo de monstro aparece em seu sonho e parece querer lhe dizer algo. Bingo, era muito claro para não ser finalmente o Sinal esperado. Só faltava conseguir compreender o que o monstro tentava dizer. Nas noites seguintes, o sonho se repetia e Afrânio passou a dedicar toda sua fé nessa criatura que se comunicava de forma tão incompreensível. Mesmo assim ele foi juntando as partes da mensagem que conseguia entender, até que num determinado momento lhe pareceu ter obtido a mensagem completa. Parecia muito estranho aquilo que foi dito pela entidade, mas tudo bem, era o Sinal. Chegou a hora de seguir em frente.
Afrânio passa a tomar decisões de acordo com a mensagem que recebera, porém nem tudo sai como o previsto. Talvez ele tenha interpretado errado o que considerou como o Sinal. Neste ponto, a virada que a narrativa toma é surpreendente e leva a história de Afrânio para algo realmente inesperado.
A arte estilizada e deformada de Orlandeli tem sinergia perfeita com os sentimentos e emoções do protagonista. Da mesma forma a paleta de cores faz uso de tons desbotados, quase sem vida, assim como Afrânio enxerga sua própria vida.
Embora a HQ aborde a questão do Sinal para o sucesso de forma a criticar a banalização desse tema, o intuito de Orlandeli é criar uma camada narrativa um tanto mais subjetiva. Nessa esfera, existe um alerta sobre os monstros que criamos em nossas mentes quando estamos deslumbrados com a ilusão que nos cerca. Existe também uma esperança real em indicar qual é o verdadeiro Sinal a ser encontrado, assim como o caminho a ser percorrido, afinal o sucesso não acontece num estalar de dedos.
Em um formato de 17 x 24 cm, coma capa acartonada e 96 páginas; a Editora jabuti lançou “O Sinal” em dezembro de 2017
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